Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.

sábado, 28 de março de 2009

Um Estranho Caso de Amor - Às vezes é difícil demais

Helena beija Rodrigo junto aos lábios e tapa-o melhor. O quarto deles está iluminado por uma luz ténue que vem do candeeiro da cómoda e que confere um tom alaranjado àquele compartimento. De alguma forma é uma luz que serena.
- Agora descansa. - A voz dela é terna, como um sussurro.
- Ainda não me sinto bem Helena.
- Tens andado muito ansioso. Vou-te preparar um chá, depois venho para ao pé de ti fazer-te aquelas festas no cabelo. Geralmente são tiro e queda.
- Não quero merda de chá nenhum! Quero ficar sozinho! - A sua voz soa demasiado agressiva até para ele. Mas Helena finge nem perceber. A campainha da porta toca e ela agradece no seu íntimo. Ao sair do quarto tem que munir-se de toda a sua força interior para não chorar. Há alguma coisa de errado com Rodrigo, ela sabe que sim, tem a certeza que ele lhe esconde uma verdade qualquer. Ninguém deixa de amar ninguém da noite para o dia. Ela teria notado que as coisas se degradavam lentamente e isso não aconteceu. Perdida nos seus pensamentos, Helena abre a porta e depara-se com uma atraente loira que num vestido curto, mas com classe, sorri para ela de mão estendida.
- Sou a Diana, colega de escritório do Rodrigo.
Helena estende e mão e tenta lembrar-se do nome, mas nada. Rodrigo nunca lhe falara daquela colega.
- Sei que já é tarde, mas como vamos a tribunal amanhã, combinei com ele rever a lista de testemunhas. O Rodrigo não lhe disse nada?
Helena disfarça o melhor que consegue o facto de se sentir uma completa idiota.
- Ele não se sentiu bem...
- O que é que aconteceu?
- Porque é que não entra?
Ao fechar a porta atrás de si Helena sente um estranho arrepio no pescoço, como um mau pressentimento que chega sem pré-aviso. A mera presença daquela mulher incomoda-a mais do que acha possível.
- Aceita um café, um chá?
- A Diana odeia chá!
De calças de pijama e em tronco nu, Rodrigo fita Diana ali bem no meio da sala.
- Porque é que não nos trazes um café, tenho a certeza que nos ia fazer bem a todos.
- Eu não sei se é boa ideia estares a pé Rodrigo, devias descansar e...
- Porque é que não vais fazer o café Helena? Por favor, será que não tenho um minuto de paz?
Helena bem de dentro de si arranca um sorriso forçado e vai para dentro. Desta vez já não consegue controlar as lágrimas. Já não consegue controlar quase nada. Por isso quando entra na cozinha, pega na cafeteira do café a atira-a com toda a força contra a parede, como se assim evitasse sair de novo porta fora.
Na sala Rodrigo e Diana olham-se. O olhar de Rodrigo é tão intenso que a atravessa sem qualquer espécie de pudor.
- És insaciável mesmo, não te chegou o que tivemos esta tarde?
Diana tem um sorriso nervoso, ajeita o cabelo, como que para ganhar tempo.
- Eu sei que parecemos dois loucos, mas temos que ganhar isto Rodrigo.
Rodrigo puxa-a para si e consciente de que não consegue controlar-se beija-a com uma voracidade tal que tudo se apaga em seu redor.
- Já ganhaste Diana, venceste. Estás satisfeita, não penso noutra coisa, nada mais importa. Ganhaste.
Helena chora na cozinha, odeia sentir-se assim cercada, humilhada, desprezada. O seu telemóvel toca. Ela consegue limpar as lágrimas e entre soluços atende.
- Sim?
- Helena sou eu o António. Fiquei preocupado contigo e consegui o teu número.
- Por favor António vem-me buscar, tira-me daqui, faz qualquer coisa. Eu não aguento mais. Helena soluça, a voz distorcida pelo desespero. - Eu preciso de alguém que.. Eu preciso...
- Calma Helena, dá-me a tua morada eu vou agora para aí...

9 comentários:

Miguel disse...

Que bela situação em que me deixas, cara colega de escrita!!!
Diana e Rodrigo enrolados na sala, Helena a chorar na cozinha e António a caminho...
Sim senhor...
;)

Ana C. disse...

Embróglios é comigo. Adoro cozinhar uma batata no forno e atirar-ta para cima da cabeça depois :)

Sílvia disse...

Devo dizer que o Rodrigo me irrita lol

bjo***

Ana C. disse...

Sílvia dá-lhe o benefício da dúvida ;)

L. disse...

Adorei este capítulo, mas ainda gostei mais do comentário da Ana. Miguel cuidado com a batata :P

Ana C. disse...

L. O Miguel sabe o que são batatas quentes feitas no meu forno ;)

Carla disse...

Este Rodrigo...ando-lhe com uma sede, se o apanho! :) lool
Estou é para ver a volta que vão dar ao dito para acalmar as hostes...ihihih

Ana C. disse...

Carla vamos esperar para ver. Se entretanto te cruzares com ele na rua, dá-lhe o benefício da dúvida :)

Ju. disse...

Pronto Ana eu sei que já disseste para lhe dar o benefício da dúvida mas isto dá vontade é de lhe dar sois safanões para ver se acorda! Aiiii... :)