Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Alva.

"Alva. Alva era o seu nome. Conhecia-a ela era ainda muito jovem e eu um já um homem feito, com 19 anos. Não sei se os seus pais preconizaram a sua aparência física através do nome mas a sua pele era clara e limpa. Uma perfeição à vista e ao toque. Os seus olhos claros eram de um azul-água cristalino que até hoje não vi em mais mulher nenhuma. E era tímida. Muito tímida. Inicialmente não lhe prestei muita atenção. Estava mais interessado nas caçadas a`cavalo que o seu pai organizava nas suas terras. Estas terras que hoje me pertencem.
Eu era um jovem rebelde e inconsequente, famoso entre as donzelas da alta-sociedade pelas minhas desventuras sexuais! Até que, um dia, alva olhou para mim e os seus olhos prenderam-me. Parecia estar enfeitiçado por aqueles olhos cor de mar e nunca mais olhei outra mulher. Entregámo-nos um ao outro debaixo da sombra protectora do Grande Carvalho, nos limites das propriedades. Cavalgávamos até lá e fazíamos amor sem reservas, sem tabus e depois adormecíamos para acordar já demasiado tarde para que não fossemos descobertos! O seu pai, apesar da minha fama de marialva, gostava da minha energia e começou a incluir-me na gestão dos homens e dos trabalhos na propriedade. Casámos numa cerimónia simples debaixo do mesmo Grande Carvalho que enfeitou de branco, como a cor da sua pele.
Os primeiros tempos de casamento foram vividos em contínua lua de mel. Todos os pretextos eram suficientes para nos tocarmos, para abraçar e para, eventualmente, nos enrolarmos no nosso pequeno ninho de amor. Mas Alva escondia uma parte de si que se revelou ao primeiro contratempo: o ciúme! Quando, numa tarde de Outono entrou na sala onde eu e uma velha amiga que nos visitava, ficou tão furiosa que destruiu as loiças da cerimónia do casamento. Esse foi o ponto de viragem Passámos a discutir quase todos os dias e ela tornou-se obsessiva. Seguia-me para todo o lado e não raras vezes me insultou em público. O meu interesse por ela esmorecia na medida inversa do aumento da sua loucura. Deixei de dormir na mesma cama, o que só aumentou a sua certeza de traição. Num acto tresloucado de ciúme, seduziu um dos nossos empregados e, dormindo com ele, engravidou. Nove meses depois nascia Daniel. O empregado desapareceu nesse mesmo dia.
Alva nunca tratou de Daniel. Passou a vestir-se de negro e a usar um véu a cobrir a face. Se por vergonha, não sei. Tornou-se numa fanática religiosa e púdica, com tiques de moralidade vitoriana. Andava muitas vezes pela casa, murmurando orações de excomunhão ou falando com ela própria. O pai dela morreu, desgostado com o deplorável estado da filha e eu fiquei só com ela e Daniel. O ambiente tornou-se insuportável levando a que todos os empregados se despedissem. Todos menos Constança, que chegou já depois da loucura de Alva mas que parecia entendê-la e até ser capaz de racionalizar com ela.
Numa noite, Alva apareceu no meu quarto, nua e tresloucada. Queria que fizesse amor com ela mais uma vez. Dizia que se sentia as entranhas em fogo e que precisava que eu a apaziguasse. Recusei, uma e outra vez. Alva enforcou-se nessa mesma noite. Com o véu que lhe cobriu a face durante tantos anos. Alva foi a enterrar, o véu desapareceu e nunca mais tive descanso desde então."
-Obrigado meu amor, por te teres revelado a mim de forma tão íntima.
Gina beijou Thomas longamente enquanto se envolviam num abraço, tentando que os seus corpos nus se tocassem na maior parte de pontos possíveis. Thomas derramou uma lágrima que Gina logo lambeu da sua face.

8 comentários:

Ana C. disse...

Muito bem Miguel, gostei da explicação. Afinal de contas estavas inspirado sim senhor.
Principalmente na parte em que a Gina lambeu a lágrima ah ah ;)

Ana. disse...

A coisa está a compor-se!
Prevejo um final em grande.
Palminhas para o Miguelito!

;)

PS - Por favor, resolvam lá a questão do membro decepado, que assim não pode ser!
Há esperança, olhem para o eexmplo do Bobbitt!

Miguel disse...

Sobre o membro decepado... eu tenho algo em mente mas não sei se consigo introduzir (lá está!!) a minha ideia na narrativa sem a tornar... estranha...

Ana C. disse...

Ana. Leste o episódio antes deste? O membro decepado já era...
Não te ponhas com ideias Miguel olha que eu tenho pesadelos!

Nuvem disse...

Loool
o membro decepado tinha sido congelado, esperando os avanços da tecnologia para ser reimplantado :)
Adorei a explicação dos véus negros Miguel.
Sempre em alta!!!

Ana C. disse...

Miguel o que é que eles estavam a fazer nus?????

Miguel disse...

Então Ana... estavam a jogar "strip poker"!

Ana C. disse...

AH AH AH AH AH isto está verdadeiramente alucinante :)