Foi sacudida por vários espasmos até se aperceber que um intenso cheiro a fumo lhe atingira os sentidos, atordoando-a por completo.
Sentiu a relva molhada sob o seu corpo despido e uma mão gelada esbofeteava-lhe o rosto contorcido pela tosse.
Lembrava-se vagamente de um rosto jovem e imberbe, de uma mão suave que a tocara no mais íntimo de si para compensar um membro frouxo, que se recusara a inchar e mais nada. Sonhara que sentira fome, que passeara no jardim com o dono da casa, mas aquela relva debaixo da sua pele, sentia-a pela primeira vez, nunca tinha estado ali e o contacto físico com a terra molhada era a única coisa que lhe dizia que não estava de novo a sonhar.
- Por favor, acorde!
Uns lábios aveludados e de sabor doce tocavam os seus, enquanto sopravam ar para dentro de si, tentando puxá-la para a vida, mas Gina sentia-se a flutuar. Deixou que aquele homem a ressuscitasse vezes sem conta, até ele próprio ser consumido pela exaustão.
O sabor daquela boca era como regressar a casa, a um território familiar demais, apesar de totalmente desconhecido.
- Está a acordar, ela está a acordar! Por favor Constança, ofereça qualquer coisa aos bombeiros, eles foram incansáveis, tu Carvalho leva os cavalos de volta ao estábulo e assegura-te que não há acidentes! Chega de espectáculo por hoje! Daniel, o que é que estás a fazer aí parado? Ajuda o Carvalho no que puderes!!!!
Gina descerrou o olhar apenas o suficiente para ver o homem que a recebera nessa manhã e que se fizera passar por dono da propriedade, com um cavalo pela mão e aquele jovem…
Mas quem era esta gente? Aquele rapaz que entrara no seu quarto e com quem... Ela nem conseguia lembrar-se sem que um arrepio húmido a percorresse. E aquele homem gentil, cujos lábios doces a resgataram dos braços da morte, quem era ele?
- Sim Sr. Netherfield. Não se preocupe com os animais, estão só inquietos.
Gina quis levantar-se, mas só então percebeu que se encontrava completamente nua, trémula de frio.
Apercebendo-se do seu constrangimento, Thomas Netherfield colocou-lhe o seu casaco axadrezado sobre o corpo, cobrindo-lhe os seios nus.
Gina olhou-o sem saber o que dizer, como reagir.
-Eu peço imensa desculpa Sr. Netherfield, não sei o que aconteceu.
Mas antes que pudesse dizer mais uma palavra foi elevada em peso pelos braços fortes e másculos daquele homem distinto.
- Não fale. Engoliu muito fumo não deve esforçar-se…
- Mas eu consigo perfeitamente andar, já estou bem e…
Os passos firmes daquele homem que a carregava como uma pluma, disseram-lhe que não valeria a pena tentar contrariá-lo.
- Cheguei agora de viagem e vi as labaredas que saíam da janela…
- Salvou-me…
- Salvei a propriedade, o fogo não passou do seu quarto. – A sua voz era fria e eficiente. Parecia completamente indiferente ao facto de carregar uma mulher nua nos braços.
Já Gina parecia consciente de cada dedo que lhe marcava as pernas. Mas o que é que tinha aquele sítio para a deixar assim? Porque é que tantas governantas entravam e saíam? Porquê aquele fogo constante que a queimava por dentro e por fora? Será que ela própria com o calor do seu corpo provocara o incêndio?
- Houve um engano, eu pensei ter falado consigo hoje, mas pelos vistos…
- Era o Carvalho, o nosso faz-tudo. Incumbi-o de escolher a nova governanta.
Entraram numa pequena casa no fundo do jardim – O refúgio, pensou Gina. Mas como se sonhara?
Thomas pousou-a gentilmente sobre um sofá. Gina apertou o casaco contra si, apesar de ele nem parecer reparar que ela se encontrava despida.
- Esta noite pode ficar aqui. – Abriu uma gaveta e tirou uma camisa que estendeu na sua direcção. – Vou pedir à Constança que lhe traga algumas roupas. Tudo o que tinha no seu quarto ardeu.
- As minhas fotografias… - Apercebeu-se que as lágrimas molhavam o seu rosto chamuscado, enquanto toda ela se agitava, soluçando. Perdera tudo, cada recordação que trouxera, o pouco que ainda sobrara da sua vida, tudo se esfumara...
Thomas ficou imóvel de pé, olhando aquela mulher pálida, quase translúcida que chorava e estendeu-lhe o rosário que a acompanhava desde criança:
- Tinha isto na mão quando a tirei do quarto, nem tudo está perdido.
Gina tentou sorrir enquanto segurava o rosário, mas senti-lo entre os dedos fez com que se lembrasse de tudo o que tinha acontecido naquele quarto. Meu Deus como pecara, o que fizera com aquele rosário? Que entidade a possuíra deixando-a sem credo e sem fé? Todo o seu corpo se agitava num profundo choro e sem que se apercebesse, o casaco axadrezado de caça que ele lhe pusera sobre os ombros, escorregara deixando-a completamente desprotegida do olhar aparentemente frio do Senhor de Netherfield, os seus seios leitosos e firmes, adornados por dois mamilos perfeitos e comprimidos pelo frio, a sua púbis dourada e escondida pelas pernas dobradas, o ventre que formava uma pequena curva e onde se via uma cicatriz rosada…
No meio de toda a comoção, nem Gina, nem Thomas perceberam que mais alguém se encontrava naquela divisão. Uma presença etérea envolta numa luz e um sorriso, um sorriso verdadeiramente assustador...
Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
15 comentários:
Haha nada a declarar, excepto que isto me cheira a uma versão porquinha e pulp de Wuthering Heights!
Maravilhoso!!!
Siga!!!
Ora bem... temos então Gina e Thomas num quarto com ela completamente nua e cheia de desejo. Entretanto temos uma 3ª pessoa a observar...
Porque é que me sinto encurralado menina Ana?
(Ah! Pois... batata quente. Já estou habituado...)
beeeem.... 2 capítulos num dia!!!
somos verdadeiramente privilegiados!!!
Fico ansiosa pela continuação desta história porno/erótica/delicodoce... e de saber como a Gina se vai sair :)....
parabéns pela continuação Ana...
Miguel... cá aguardo o novo capítulo :)
Este Raul e Joel Carvalho anda a fazer o mesmo comentarios em todos os blogs é realmente original!
Bem me pareceu que a Ana passou a batata quente para ti Miguel...ahhh pois é!
Pois pá se ao menos oferecessem uma garrafa de pinga...
Melissa eu estava a pensar mais na Jane Eyre :)
Miguel eu não sei se ela está com desejo, tu é que disseste...
Raul e Joel vocês são uns grandas malucos e fartaram-se de visualizar blogues ontem à noite. Também sei que o Blogonovelas só se atura bêbado, mas calma lá, publicidade de graça não. Mandem lá umas garrafinhas de tinto que eu penso nisso...
Nuvem tudo isto pelos nossos fãs. Não gostamos de fazer esperar ninguém por um capítulo erótico AH AH AH
Clementine já viste estes dois vinheiros?
Enfim quanto à batata quente, eu adoro mandar batatas assadas e à murro para cima do Miguel ;)
Fiquei mesmo chateado com esse história do site dos vinhos... usei dos meus poderes de secretário de estado e apaguei o comentário que, aqui no Blogonovelas, as garrafas de vinho podem ter muitos usos...
Miguel eu apaguei no Vontade de Regresso, mas não sei porquê achei que vinho se enquadrava bem aqui :)
Não sei se não foi abuso de poder da tua parte seu Secretário de Estado usurpador, vou pensar na sanção a aplicar-te...
Ana, já vi os vinheiro já vi...grande pinta...publicidade à borlex...é o que está a dar! Fizeste tu mt bem Miguel...eles que paguem a publicidade com uma bela vinhaça!
Ai a minha vida!!
Vocês são os 4 uns artistas de primeira!! A Barbara Cartland deve andar às voltas na tumba!!
Quem é que vai escrever agora? Fáxavor de dar ao dedo, que eu ando que nem posso!
;)
Enviar um comentário