Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

-Mas o que se passa contigo hoje que andas a arrastar-te pelos cantos da casa?
Leonor já tinha dado sinais de impaciência e rebentava finalmente
-Não se passa nada... estou cansado.
Respondeu Daniel enquanto passava os olhos pelo Facebook pela enésima vez.
-Cansado do quê? Do trabalho? Tens estado o dia todo em frente à porcaria do computador e eu tenho andado aqui a arrumar a casa, a fazer máquinas de lavar a limpar a porcaria das sanitas... Olha, já agora, vê lá se baixas o tampo quando acabas ok?
-Sempre a mesma conversa!! Irra, qual é a dificuldade de baixar a porcaria do tampo?!?
-Exactamente. Não é nenhuma, por isso...
-Não sejas chatinha...
-CHATINHA? Ontem não achaste que fui chata, quando chegaste... deve ser por isso que estás tãããão cansadinho!
-Pronto, lá vem a ameaça do costume...
-Qual ameaça?
- Acaba-se o sexo e blá blá blá...
-Olha! Se não for eu a avançar tu bem que chegas e adormeces!
-Mal feito fora...
-O que queres dizer com isso?
-Nada.
-Nada? Nada? Pois podes crer que a partir de hoje bem podes adormecer as noites que quiseres meu menino!
-Sim. Não te chateies com isso que eu também não.
-QUE MERDA Daniel!!
Leonor estava a perder a calma.
-Garanto-te, GARANTO que não te chateio mais com as minhas necessidades sexuais!!
-Leonor... essa ameaça não pega. Sexo posso encontrar fora de casa. Com a maior das facilidades...
A frieza daquelas palavras, ditas com a indiferença de um estranho atingiram o coração de Leonor.
-Andas a comer por fora? Andas meu sacana?
-Estás louca?!!
-É por isso que vais sempre tão contente para o trabalho... e depois vens sempre muito cansado... idiota!
-Deixa-te de merdas Leonor! Nunca te traí! E ainda mais agora com o Samuel...
-Só estás comigo por causa do Sam? Mas não estejas! VAI EMBORA!! Cretino...
-Vá lá Leonor...
Daniel olhava-a agora enquanto ela lutava para conter a torrente de lágrimas que se formava nos seus olhos. E tentava abraçá-la.
-Larga-me!! É porque estou a chorar? Fizeste merda e agora vens com abracinhos? Deixa-me em paz! SAI DAQUI!!!
-Mas...
-SAIIIIIII!!
Daniel pegou nas suas coisas e saiu porta fora, deixando Leonor entregue ás lágrimas e ao chocolate.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Daniel chegou a casa já tarde. As luzes apagadas indicavam que já ninguém estava acordado. Entrou silenciosamente e deixou-se guiar apenas pelas luzes que vinham da rua. Comeu qualquer coisa na cozinha e foi deitar-se. Passou pelo quarto de Samuel, o seu filho de 3 anos. Ele dormia calmo e sereno. Beijou-o ao de leve e foi para o seu quarto. Leonor dormia calmamente quando ele se deitou ao seu lado e lhe beijou a face. Daniel considerava isso uma espécie de ritual, beijar a face da sua mulher mesmo que ele estivesse a dormir. Ela virou-se para ele e, ainda de olhos fechados disse:
-Olá meu amor... estás bem?
-Um pouco cansado.
-Concerteza que ainda tens um pouco de energia para mim...
Dizia ela enquanto lhe acariciava o peito e o beijava ternamente
-Tenho sempre energia para ti minha querida! Mesmo que estivesse morto...
Abraçou-a repentinamente e beijou-a sofregamente enquanto lhe despia o pijama. Ela retribuía o desejo e despia-lhe os boxers rapidamente. Estavam finalmente nus. Acariciaram-se longamente nas sombras do quarto. Aquela média-luz excitava-o. Leonor ligou a luz da cabeceira mas ele logo a desligou.
-Não me queres ver?
-Não sejas louca! Assim vejo-te perfeitamente... e é mais excitante!
Ele sentia-a pronta e penetrou-a devagar. Ele gemia baixinho e pedia mais, mais fundo. Ele acedeu e aumentou o ritmo. Contudo, sem que ele o pudesse prever ou evitar, a imagem de Sandra surgia-lhe na mente. Lutou para a afastar mas ela lá ficou, a um canto da mente como uma observadora excitada. Concentrou-se e cumpriu o seu papel. Leonor veio-se primeiro, num orgasmo longo e forte. Daniel fazia questão disso mesmo. Que Leonor fosse sempre a primeira a vir-se. Depois ele, com calma, prolongando o prazer dela, veio-se. Beijaram-se olhando-se nos olhos enquanto se abraçavam.
-Amo-te.
-Também te amo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Daniel deixou Eduardo na esplanada. Afinal era um final de tarde de verão junto ao mar e Eduardo queria continuar a "micar as miúdas", como ele próprio gostava de dizer. Eles eram amigos desde sempre. Eduardo o aventureiro impulsivo e Daniel o cuidadoso, o ponderado, aquele que os tirava dos sarilhos que Eduardo arranjava. Tinham discutido muito acerca da decisão de Daniel em não ter respondido à mensagem de Sandra. Enquanto se dirigia para o trabalho, o seu carro serviu como uma bolha que o isolou do resto do mundo.
"Devia ter aceite. Afinal, seria só um café, que mal é que isso tem. Um café entre dois colegas de trabalho. Porra! Perdi uma oportunidade única! Afinal, não é todos os dias que encontramos uma mulher daquelas disposta a ir para a cama connosco. Disso tenho a certeza. A gaja quer..."
A partir daqui a sua mente foi invadida pela imagem de Sandra a bambolear pelo call center nos seus saltos de agulha de 10cm. As suas narinas enchiam-se com aquele odor subtilmente imposto que ela tão bem dominava, quase podia sentir a suavidade do seu cabelo. Mais uma vez se dava conta que este simples pensamento fazia crescer o seu desejo, a sua vontade, a sua masculinidade.
"Merda, merda, merda! Deixa-te de merdas Daniel! Com uma gaja do trabalho nunca! Os sarilhos que poderias arranjar... e depois a gaja deve querer mais que uma quequa ou duas. As gajas nunca querem só dar umas quequas. Não. Não posso." Sabia que não a ia encontrar no trabalho. Quase como um reflexo, a primeira coisa que fazia quando chegava era consultar a escala dos operadores de chamadas e procurar o nome dela. A excitação tomava conta dele se os seus turnos coincidiam. Sentia-se aliviado por não ter que lhe justificar a razão de ter ignorado o seu convite mas, por outro lado sentia-se desapontado por não a poder ver. O seu corpo sentia-se desapontado. Era como se ela fosse uma droga que lhe despertasse os sentidos. Acima de tudo estimulava-lhe o desejo. A sua mente desenhava cenários de sexo desenfreado nos vários locais do trabalho: em cima da sua secretária, na casa de banho, no quarto escuro. Ela, pura e simplesmente desconcertava-o! Todo o seu ser o empurrava para junto dela, para a sua unidade de trabalho, inventava pretextos para lhe falar, para se aproximar dela e cheirar o seu cabelo, para gentilmente lhe pousar a mão no ombro enquanto lhe ditava instruções desnecessárias. O seu momento zen acontecia quando ela o convidava para um café após o jantar. E ficava furioso se ela não o fazia, preferindo a companhia de outras colegas. Estava completamente apanhado. "Daniel, Daniel... não comeces com ideias." babulciava de si para si quando ela o provocava. "Controla-te. És o chefe dela, não podes simplesmente dar-lhe uma queca no teu gabinete e esperar que ninguém descubra! Afinal, tudo se sabe neste ninho de víboras!".
Mas ele deixava-a avançar sempre mais um pouco. No seu íntimo ele queria estar com ela e ela sabia-o. Num corredor vazio onde estava a máquina do café, ela colocou a mão no peito dele. AO de leve mas o suficiente para o acariciar subtilmente. Depois avançou pelo abdómen descendo e terminando o seu caminho no cinto dele. Apoiou a mão no cinto dele como se fosse a coisa mais natural do mundo, um sorriso na face, os olhos expressivamente a convidar. Largou-a e enfiou-se no WC. Masturbou-se energicamente e veio-se rápido. Arrependeu-se. "Bolas. Pareces um miúdo com as putas das hormonas ao saltos! Foda-se." Limpou-se e saiu, arrependido e com a ligeira sensação que ela sabia o que ele tinha acabado de fazer.
Alguém o chamou,
-Daniel, tem uma chamada em espera na linha 1.
-Quem é?
-A sua esposa.