Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.

sábado, 27 de março de 2010

Turno da Noite - Allexa

- Disk Amizade Ou Algo Mais, tem dois minutos gratuitos, fala a Allexa.
- Para continuar, prima 2 para dar dados do cartão de crédito
- O-Olá...
- Olá, meu chuchu. Com quem estou a falar?
- Com o... c-com...
- Relaxa, querido. A linha é segura, a chamada não vem discriminada na conta, a tua mulher nunca vai...
- Não! Não... Não há mulher.
- Favor premir 2 para dar cartão de crédito ou chamada será terminada em
- Como é que um chuchu com uma voz assim não casou ainda?
- Não... Não é assim, não é nada disso. Não é por ela...
- Ahh, então há uma Ela. Ela deixou-te carente, chuchu...
- Não, não, não. Ela é perfeita. Ela é melhor do que tu.
- Não precisa ofender a Allexa. Então porque estás tão nervoso? Relaxa, meu bem, queres que a Allexa conte uma "historinha relaxante"?
- Chamas-te mesmo Allexa?
- Premir 2 para dar dados do cartão de crédito
- Se preferires outro nome... Mas tens de dar os dados do cartão de crédito primeiro, chuchu.
- Favor dar dados do...
- Ela chamava-se Helena. Helena, como a Helena de Tróia...
- Se deres o cartão de crédito, também eu posso ser a Helena, chuchu.
- Não!
(pequena pausa)
- Chuchu?
- Era linda, a Helena.
- E o que a Helena te fazia que deixou tanta saudade? Olha que a Allexa faz milagres pelo telefone, mas precisa do teu...
- Eu não liguei para isso.
- Paga e os minutos são todos teus, chuchu.
(Ouvem-se passos sobre chão de madeira do outro lado da linha)
- Vocês sabem tudo, não sabem? Assim... Se é Amizade ou Algo Mais, posso pedir o Algo Mais.
- A 1,80 por minuto, és o dono da Allexa. Mas primeiro...
- Favor premir 2 para dar dados do cartão de crédito
- Então quero o Algo Mais.
- O que é que queres, chuchu?
- Quero saber como me livro da Helena.
- Ora essa, chuchu, diz que te apaixonaste aqui pela Allexa. Não há comparação...
- Não, puta de merda! Quero saber como me livro, COMO ME LIVRO da Helena!
(pausa súbita. Operadora chama gerente de turno com um sinal de dedos e pede-lhe para pôr os headsets. As duas ouvem)
- Onde está a Helena, chuchu?
(Gerente e operadora entreolham-se. A respiração do outro lado é forte e ritmada, em gestão de esforço)
- No... no sofá...
- A... A Helena está a ouvir esta conversa?
(risos do outro lado)
- Duvido. Quer dizer, e daí...
- Porque é que ligaste para o Disk Amizade Ou Algo Mais?
- Para saber como me livro...
- Eu sei, eu sei.
- Esta chamada será interrompida por falta de provisão
- ... Não, não sabes, porra, porque se soubesses, já tinhas dito, vaca de merda. Porque a Helena está ali, no sofá, e não se mexe, não respira,
e está com uma cor estranha, e não é do blush nem do caralho do autobronzeador ou essas merdas que vocês, putas, usam, é porque...
(cai ligação. O terminal telefónico volta a piscar, há outra chamada em linha.)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sandra regressou ao seu local de trabalho. Os olhos molhados, a voz embargada. Lutou contra si mesma até ao momento em que saiu do edifício. O ar frio da noite e o silêncio do parque de estacionamento receberam as suas lágrimas num silêncio indiferente. Sentia-se humilhada, rejeitada, gozada. Sentia-se uma puta. Entrou no carro e ligou o rádio, pegou no telefone.
-Olá amiga! uma voz bem-disposta recebeu a chamada de Sandra -O que se passa? Estás a chorar??
-Ele... ele... recusou-me... Sandra chorava abundantemente agora.
-Onde estás? No call? Vou já para aí!
Margarida era a melhor amiga de Sandra. Entrou no carro e abraçou a amiga. Começou a chover. Ficaram ali sentadas durante largos minutos. Sandra a chorar e Margarida a consolar. A chuva aumentava e Sandra parava, como se as suas lágrimas fossem agora a chuva que caía intensamente.
-Sinto-me uma puta...
-Não sejas parva! Ele é que é estúpido.
-Não imaginas como me senti... ajoelhada, em frente a ele, pronta... e ele levanta-se e vai-se embora?? Foda-se... sou uma puta.
-Sandra. Detesto dizer-to mas... o que estavas à espera? Já sabes que ele está indeciso e confuso! Já sabes que ele é casado e que não tem tomates para deixar a mulher... não podes ser tão insistente! O que aconteceu à Sandra sedutora e subtil?
-Não imaginas como ele me faz sentir... fico arrepiada só de o ver, fico tensa, contraída, húmida... e nem sei porquê! Estúpida...
-Ora amiga...
-E o pior é que ele me quer! EU SEI QUE ELE ME QUER!! Eu sinto-o. Sei que ele adora tocar-me subtilmente na cintura, nos braços, no cabelo. Sei que ele adora cheirar-me e aproximar-se, sei que olha para o meu rabo quando me afasto. E sei que ele me quer, sei-o porque o tive nas minhas mãos e, acredita amiga!, ele quer-me tanto como eu a ele!! Sandra riu-se, aliviada.
-Ouve Sandra. Ele é casado, tem um filho....
-Um casamento acabado, é o que é!
-Um casamento acabado continua a ser um casamento! Tens que lhe dar tempo, dar-lhe espaço. Aproximar-te devagar e avançar quando for a altura. Assim só o confundes mais... se fores para a cama com ele agora e ele se divorciar depois, a culpa do divórcio será sempre tua! Mesmo que o casamento já esteja acabado, serás sempre "a outra"!
-Mas é tão estranho... ele dá-me montes de dicas e convida-me para o café naquela sala escura... acaricia-me as costas e as ancas e massaja-me enquanto falamos... e depois eu fico louca e só o quero provar e mete-lo dentro de mim... e ele acobarda-se no último momento! Cabrão!
-Ouve, vamos beber uns copos e conhecer uns gajos como deve ser?
-Os copos pode ser, mas não quero nada com gajos hoje!!!
Riram-se. Sandra limpou as lágrimas, retocou a maquiagem e arrancaram.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Daniel saiu batendo a porta atrás de si. Sentia-se frustrado, agredido, insultado, injustiçado. Acima de tudo injustiçado. Mas que grande merda... foda-se. Um gajo mata-se a trabalhar, 12, 13, 14 horas para que nada falte em casa. Estou com o meu filho e ajudo nas tarefas... puta que pariu! E ela vem com a merda da conversa da puta da tampa da sanita... estou mesmo cansado. Mesmo. Transferia toda a raiva que sentia naquele momento para o volante do carro e para os condutores menos avisados ou cuidadosos que se cruzavam com ele. Não sabia para onde ia mas logo se apercebeu que estava à porta do call-center. Inconscientemente dirigiu-se para um lugar onde as pessoas o estimavam e gostavam dele e, acima de tudo, não lhe chateavam a cabeça. Instintivamente olhou para o lugar normalmente ocupado por Sandra. Ela lá estava, os seus saltos altos, as unhas impecavelmente arranjadas, as calças de ganga justas e a blusa larga e decotada. Mesmo com os auscultadores do telefone na cabeça a sensualidade dela preenchia toda a sala. Os seus olhares cruzaram-se e ela sorriu-lhe. Ele levou os dedos à boca simulando que tomava um café. O convite estava feito.
"O que é que estou aqui a fazer? E porque raio fui convida-la para tomar café? Ainda arranjo lenha para me queimar, é o que é... Mas caramba! Se eu desse uma queca nesta gaja era bem feito para a Leonor! Sempre a criticar, sempre a insinuar que... se ela soubesse das intenções desta bem que se passava..." Estes e outros pensamentos corriam-lhe pela mente quando Sandra entrou enchendo o ar com o seu agradável aroma de sempre...
-Oi bonitão! Que fazes por aqui? (sentou-se ligeiramente debruçada mostrando o seu enorme decote)
-Ora... vim tomar um café! Sempre são mais baratos!
-Por falar em café! Não chegaste a responder ao meu convite...
-Oh, desculpa... estava com a Leonor e o Sam...
-Pois... mas estás sempre com eles? Bem podias ter algum tempo para ti...
-São e minha família. Se não estiver com eles, estarei com quem?
-Hmmm, comigo por exemplo... não é por falta de convites...
-Não é por falta de vontade...
Aquelas palavras saíram-lhe fora do controlo. Sandra percebeu a sua oportunidade. Levantou-se e sentou-se ao seu colo. Olhos nos olhos, beijou-o. Avidamente meteu a sua língua na boca dele, puxou-o contra si e comprimiu todo o seu corpo no dele. Daniel resistiu timidamente de início mas depois devolveu o beijo e a língua. As suas mãos percorreram o corpo dela, tentando perceber se a sua imaginação estava correcta. Estava. A pele dela era mais macia, o seu rabo mais firme a os seus seios eram melhores do que tudo o que ele já tinha imaginado. E o cheiro! Por deus, o cheiro dela era tão mais intenso! Parecia que aquele odor o envolvia e o inebriava. Ele estava em todo lado, nos cabelos, nas mãos, na nuca dela. Ela desapertou-lhe as calças e agarrou-lhe firmemente o pénis. Daniel estava pronto! E como. Ela sorriu maliciosamente e deslizou por ele, ajoelhando-se. Depois beijou-o...
-Não, não, não , não.... Daniel afastou-se docemente enquanto se levantava e abotoava as calças.
-Não? Estás louco?! O que mais queres? Que ta amarre? Sem nunca o dizer, Sandra sentia-se humilhada por Daniel.
-Desculpa Sandra. Eu quero, juro que quero muito mas... não posso. Leonor, Samuel... seria incapaz de viver com isso.