Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
O Palpitar da Paixão - Não está a sair nada!
terça-feira, 28 de julho de 2009
MELISSA MEXE OS GLÚTEOS
MELISSA MEXE OS GLÚTEOS que a nossa fã número 1 (Nuvem) já se queixa de formigueiros.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
O Palpitar da Paixão: Netherfield, o duro.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
O Palpitar da Paixão - Ajoelha-te e Reza
Sentiu a relva molhada sob o seu corpo despido e uma mão gelada esbofeteava-lhe o rosto contorcido pela tosse.
Lembrava-se vagamente de um rosto jovem e imberbe, de uma mão suave que a tocara no mais íntimo de si para compensar um membro frouxo, que se recusara a inchar e mais nada. Sonhara que sentira fome, que passeara no jardim com o dono da casa, mas aquela relva debaixo da sua pele, sentia-a pela primeira vez, nunca tinha estado ali e o contacto físico com a terra molhada era a única coisa que lhe dizia que não estava de novo a sonhar.
- Por favor, acorde!
Uns lábios aveludados e de sabor doce tocavam os seus, enquanto sopravam ar para dentro de si, tentando puxá-la para a vida, mas Gina sentia-se a flutuar. Deixou que aquele homem a ressuscitasse vezes sem conta, até ele próprio ser consumido pela exaustão.
O sabor daquela boca era como regressar a casa, a um território familiar demais, apesar de totalmente desconhecido.
- Está a acordar, ela está a acordar! Por favor Constança, ofereça qualquer coisa aos bombeiros, eles foram incansáveis, tu Carvalho leva os cavalos de volta ao estábulo e assegura-te que não há acidentes! Chega de espectáculo por hoje! Daniel, o que é que estás a fazer aí parado? Ajuda o Carvalho no que puderes!!!!
Gina descerrou o olhar apenas o suficiente para ver o homem que a recebera nessa manhã e que se fizera passar por dono da propriedade, com um cavalo pela mão e aquele jovem…
Mas quem era esta gente? Aquele rapaz que entrara no seu quarto e com quem... Ela nem conseguia lembrar-se sem que um arrepio húmido a percorresse. E aquele homem gentil, cujos lábios doces a resgataram dos braços da morte, quem era ele?
- Sim Sr. Netherfield. Não se preocupe com os animais, estão só inquietos.
Gina quis levantar-se, mas só então percebeu que se encontrava completamente nua, trémula de frio.
Apercebendo-se do seu constrangimento, Thomas Netherfield colocou-lhe o seu casaco axadrezado sobre o corpo, cobrindo-lhe os seios nus.
Gina olhou-o sem saber o que dizer, como reagir.
-Eu peço imensa desculpa Sr. Netherfield, não sei o que aconteceu.
Mas antes que pudesse dizer mais uma palavra foi elevada em peso pelos braços fortes e másculos daquele homem distinto.
- Não fale. Engoliu muito fumo não deve esforçar-se…
- Mas eu consigo perfeitamente andar, já estou bem e…
Os passos firmes daquele homem que a carregava como uma pluma, disseram-lhe que não valeria a pena tentar contrariá-lo.
- Cheguei agora de viagem e vi as labaredas que saíam da janela…
- Salvou-me…
- Salvei a propriedade, o fogo não passou do seu quarto. – A sua voz era fria e eficiente. Parecia completamente indiferente ao facto de carregar uma mulher nua nos braços.
Já Gina parecia consciente de cada dedo que lhe marcava as pernas. Mas o que é que tinha aquele sítio para a deixar assim? Porque é que tantas governantas entravam e saíam? Porquê aquele fogo constante que a queimava por dentro e por fora? Será que ela própria com o calor do seu corpo provocara o incêndio?
- Houve um engano, eu pensei ter falado consigo hoje, mas pelos vistos…
- Era o Carvalho, o nosso faz-tudo. Incumbi-o de escolher a nova governanta.
Entraram numa pequena casa no fundo do jardim – O refúgio, pensou Gina. Mas como se sonhara?
Thomas pousou-a gentilmente sobre um sofá. Gina apertou o casaco contra si, apesar de ele nem parecer reparar que ela se encontrava despida.
- Esta noite pode ficar aqui. – Abriu uma gaveta e tirou uma camisa que estendeu na sua direcção. – Vou pedir à Constança que lhe traga algumas roupas. Tudo o que tinha no seu quarto ardeu.
- As minhas fotografias… - Apercebeu-se que as lágrimas molhavam o seu rosto chamuscado, enquanto toda ela se agitava, soluçando. Perdera tudo, cada recordação que trouxera, o pouco que ainda sobrara da sua vida, tudo se esfumara...
Thomas ficou imóvel de pé, olhando aquela mulher pálida, quase translúcida que chorava e estendeu-lhe o rosário que a acompanhava desde criança:
- Tinha isto na mão quando a tirei do quarto, nem tudo está perdido.
Gina tentou sorrir enquanto segurava o rosário, mas senti-lo entre os dedos fez com que se lembrasse de tudo o que tinha acontecido naquele quarto. Meu Deus como pecara, o que fizera com aquele rosário? Que entidade a possuíra deixando-a sem credo e sem fé? Todo o seu corpo se agitava num profundo choro e sem que se apercebesse, o casaco axadrezado de caça que ele lhe pusera sobre os ombros, escorregara deixando-a completamente desprotegida do olhar aparentemente frio do Senhor de Netherfield, os seus seios leitosos e firmes, adornados por dois mamilos perfeitos e comprimidos pelo frio, a sua púbis dourada e escondida pelas pernas dobradas, o ventre que formava uma pequena curva e onde se via uma cicatriz rosada…
No meio de toda a comoção, nem Gina, nem Thomas perceberam que mais alguém se encontrava naquela divisão. Uma presença etérea envolta numa luz e um sorriso, um sorriso verdadeiramente assustador...
O Palpitar da Paixão - A casa abrigo
Levantou-se, bebeu um copo de agua do jarro de vidro que estava em cima da cómoda e abriu a janela. Apesar de ser uma casa fria, sentia-se quente e sabia que não iria conseguir adormecer tão cedo.
Vestiu o robe e desceu até ao jardim, para se tentar refrescar um pouco. Desceu a escadas de serviço para funcionários, e passou pela cozinha para tirar uma maça. Estranhou, havia um café em cima da mesa, confirmou pela chávena se ela estava quente. « Ainda está alguém acordado, deve ser a distraída da minha colega nova, só pode», quando se virou para ir até ao jardim foi surpreendida por uma voz grossa atrás de si.
- Então perdeu-se pela casa? - Questionou o Sr. Carvalho
- Não, vim só pegar uma maça porque estava com fome.
- Esteja à vontade, aqui os empregados comem do mesmo que nós, não existem restrições.
- Muito Obrigado. Vai desejar alguma coisa ?
- Vou, quero companhia pelo jardim, vinha buscar o meu café quente para depois ir até ao meu esconderijo.
- Esconderijo?
- Sim, parece que ainda não conheceu o jardim!
- Por acaso não, ainda não!
- São quase 1500 metros quadrados de jardim, onde existe um mundo...há uma casa de hospedes no lado direito da casa e num recanto do lado esquerdo existe o meu abrigo. Que é onde escrevo, onde ouço música clássica sem que ninguém me chame de louco, onde ando nu pela casa.
- hihih! - Gina riu inocentemente das ultimas palavras do sr. carvalho.
- É verdade Gina, sabe que dizem que faz bem à saúde andar nu em casa, devia tentar!
- Ah sim, um dia destes experimento...mas fique descansado que o farei quando estiver em minha casa...não quero correr riscos de estar aqui no meu quarto e alguém entrar!
- Não sei porque, tem um corpo tão elegante de certeza que ninguém se iria assustar.
- Obrigado, mas é melhor não.
- Mas como eu estava a dizer, ninguém entra no meu abrigo, alias costumava entrar a Júlia, que era a Governanta que a Gina veio substituir...só ela tinha autorização para limpar o que estava sujo e meter tudo em dia.
- Uhm.. - Gina abanou a cabeça em sinal de concordância.
- Relativamente a si trataremos de ver o seu desempenho nas suas funções na casa grande e depois falamos sobre isso.
- Com certeza Sr. Carvalho.
- Bem já é tarde, volte para o seu quarto que amanhã o dia amanhece bastante cedo.
- Até amanhã, resto de boa noite.
Gina virou costas e ficou a pensar na história do abrigo, para ela aquele abrigo era uma desculpa para ele levar para lá as empregadas tenrinhas para lhes prestarem serviços extras. Gina sentia-se incomodada com a possibilidade de ter que fazer "limpeza" aquele abrigo. Ao mesmo tempo achava estranho, pois a mansão onde vivia era suficientemente grande para ele fazer as limpezas dele e mais algumas, e sem que ninguém percebesse. Jurou que ainda iria descobrir o mistério à volta da vida sexual do Sr. Carvalho.
De regresso ao quarto, passou pela cozinha novamente e foi surpreendida com um jovem sentado em cima da bancada da cozinha com uma taça de gelado na mão.
- Boa noite. - Disse-lhe Gina.
- Olá, olá...o que temos aqui...
- Sou a Gina a nova governanta...
- Já me tinham falado de ti, mas nunca pensei que fosses tão...tão...bo....bonita! Sou o Daniel.
- Muito prazer! Precisa de alguma coisa?
- Uiiiiiii precisar, até precisava...mas hoje é melhor não...
- Então nesse caso vou-me recolher.
- Sim, Sim recolha-se é melhor...antes que...
- Até amanhã Sr. Daniel.
- Durma bem Gina! - Mandando-lhe um beijo barulhento o suficiente para a deixar perturbada.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Nota da Editora
Obrigada.
A Editora, Chefe de Redacção e Chefe de poder absoluto sobre a corja que por aqui anda:
Ana C.
O Palpitar da Paixão - Mas livrai-nos do Mal
Abre a sua mala e vai tirando de lá os seus parcos pertences: alguma roupa de tons escuros, um missal e um rosário. Uma fotografia dela própria com um grupo de freiras.
“Que Jesus e Maria te acompanhem sempre – Orfanato das Madalenas Descalças, 1988”. Gina apoia a fotografia na vela, de modo que as doces irmãs também zelem pelo seu sono.
Depois de arrumada a roupa no roupeiro, Gina começa a preparar-se para a noite. Desabotoa lentamente a sua camisa e deixa escorregar a sua saia pelas pernas abaixo, ficando apenas de combinação. A noite é fria... Muito fria, mas algo a aquece por dentro. O Fogo de Deus, pensa. O Fogo de Deus, que também guiou os meus passos até esta casa. Sente-se tão quente que tira a combinação num impulso, ficando apenas com as suas cuecas de algodão cru.
Atira-se para a cama e começa a rezar. De súbito, no meio da oração, eis que lhe surge em meio aos seus pensamentos mais pios a imagem bruta e sofrida do Sr. Carvalho e uma nova onda de calor a invade. É impossível afastar da sua mente os contornos do corpo daquele homem: os ombros protectores, as mãos ásperas, as nádegas bem definidas. O cheiro dele. Nunca sentira algo com esta intensidade antes e era muito diferente do Fogo de Deus. Este novo calor tirava-lhe o domínio sobre o próprio corpo e conduz-lhe uma das mãos às suas partes mais íntimas. É o diabo, pensa. Gina tenta ir contra o impulso malévolo e recita uma oração em voz alta, muito alta, tentando voltar ao seu curso de pensamento, mas todo o seu corpo pulsa, pulsa com calor e ao ritmo do seu coração acelerado. É uma batalha dura.
- Santificado seja o Vosso Nome... Venha a nós.... ahhhh.... o Vosso... ahhhh.....!!!
É tudo muito forte para ela e não resiste mais à tentação, brincando livremente com o seu próprio corpo. O Diabo venceu hoje, mas amanhã confessar-se-á e tudo ficará bem.
- Menina Gina... Menina Gina...?
Gina abre os olhos. Será que as suas preces foram atendidas e tem ali diante de si o próprio Senhor, que a veio resgatar da imundície? Está muito escuro e Gina resolve acender a vela.
Tem diante de si um jovem de cerca de 19, 20 anos, muito afogueado diante daquela mulher voluptuosa e semi-nua à sua frente. Gina leva as mãos aos seios, a proteger-se.
- Quem é você?
- Daniel Netherfield, menina. Enteado do Sr. Carvalho.
Há uma pausa. O jovem é louro, tímido, franzino. Sob a luz da vela ainda parece mais frágil do que é.
- Vinha trazer-lhe este cobertor. Está muito frio.
Gina levanta-se e aproxima-se do jovem. Sente o diabo ainda dentro de si, como se este lhe tivesse enviado este presente especial.
- Sim, está muito frio – diz Gina, à medida que se aproxima do jovem – Muito, muito frio. Mas não preciso de cobertores, pois não...?
Gina beija os lábios ao jovem, que demora a processar o que está a acontecer naquele momento. Resiste.
- Não resista, menino Netherfield... Já tentei. Mas ele é mais forte do que nós os dois.
Em carícias, Gina desce pelo corpo de Daniel abaixo. O rapaz entrega-se, finalmente.
Na mesa de cabeceira, a vela acesa tocou a foto das Irmãs Madalenas Descalças. A foto arde, invadindo o quarto com sombras bruxuleantes.
terça-feira, 21 de julho de 2009
O Palpitar da Paixão - Frémito da Mentira
Just Kiding, foi só para te assustar Melissa :) O palco é teu
segunda-feira, 20 de julho de 2009
O Palpitar da Paixão: na casa do Carvalho.
MELISSA ONDE ESTÁ A NOSSA PAIXÃO PALPITANTE?
quinta-feira, 16 de julho de 2009
O Palpitar da Paixão
Sabia que o tempo se limitara a acariciar a sua pele, investindo-a de pequenas, quase imperceptíveis rugas que mal faziam história, mas mesmo assim sentia-se a mulher mais antiga do mundo.
O final do seu casamento com um homem que nunca a amara de verdade, seguido de um divórcio tumultuoso, em que ele arranjara forma de ficar com os dois filhos menores e de a deixar sem nada, investira-a de uma força que não sabia possuir. De dentro de si nasceu uma verdadeira leoa, disposta a lutar com unhas e dentes pelas suas crias, nem que para isso fosse preciso virar a sua vida do avesso.
E fora precisamente isso que fizera. Apesar de ser uma mulher culta e sensível não teve qualquer problema em candidatar-se àquele lugar de governanta na célebre Mansão de Netherfield.
O seu proprietário, um viúvo austero e solitário, que nunca recuperara totalmente da trágica morte da sua esposa, era conhecido pelos seus ataques de ira para com o pessoal de serviço. Mas nem isso, nem o facto de ser a sétima governanta a candidatar-se no espaço de um ano, a dissuadiram da entrevista a que estava prestes a submeter-se.
Disfarçou as lágrimas o melhor que conseguiu. Prendeu o seu longo cabelo loiro com um grosso elástico. Deteve-se cautelosamente na escolha da roupa a usar, pois não poderia mostrar de mais, nem de menos. Sabia que tinha que ser sensata, agora mais do que nunca. Precisava daquele trabalho, de recuperar os filhos, de dar a volta por cima da sua própria vida. Não podia falhar logo na primeira etapa. A entrevista tinha que ser perfeita. Por isso revelaria apenas o estritamente necessário.
Apesar de possuir umas pernas bem torneadas, deixaria apenas adivinhar os seus contornos sob a saia comprida. Os seus seios, firmes e generosos, surgiriam escondidos debaixo de um tímido decote.
Teria que encarnar a governanta perfeita. A mulher capaz de gerir uma casa de tradição sem pestanejar. Capaz de engolir um insulto sem perder a pose. Teria que ser alguém que não era de todo e isso era o que a deixava mais nervosa.
Foi com o coração em sobressalto que passou os portões da imponente propriedade. Olhou em volta e percebeu que estava perante uma paisagem de cortar a respiração, a imensidão de verde, salpicada de quando em vez por um contorno de céu, deixou-a deslumbrada e pensou que quem quer que vivesse ali não poderia ser uma pessoa tão gelada quanto a pintavam.
Seguiu a pé pelo caminho empoeirado que conduzia à mansão, ajeitou mais uma vez o cabelo um pouco desalinhado e respirou fundo, projectando o peito bem para fora, desenhando uma curva que se confundia com a bucólica paisagem.
- Onde é que pensa que vai?!
Gina olhou na direcção daquela voz rouca e viril que arrepiou cada recanto da sua pele e não queria acreditar no que os seus olhos viam...
Nota de Rodapé: Meninos e Meninas isto não sou eu. Foi a Corin que encarnou em mim, por favor, nada de confusões...
Homenagem Inspiradora
Para irmos sentindo o ambiente que se segue, aqui ficam umas fotografias de algumas obras primas desse mito do romance de gaja desesperada, Corin Tellado.
Uma das memórias mais vívidas que tenho da minha infância é a imagem da minha bisavó Irene sentada num sofá, solitária, segurando numa mão um cigarro que levava aos lábios sempre pintados de vermelho e na outra um destes livrinhos onde se perdia horas seguidas, sonhando no que poderia ter sido a sua vida e suspirando.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Do outro lado da mira: Ne te laisse pas influencer par la première image.
"CALA-TE!" deu um sinal ao homem que segurava a mulher misteriosa e este revelou-lhe a face: Ana!
terça-feira, 14 de julho de 2009
Do outro lado da Mira - A Vigia
domingo, 12 de julho de 2009
Do outro lado da Mira - O dia da caça
Mas João não conseguia parar de rir. Tentava começar uma frase, mas falhava.
- Pelos vistos você é o do tipo irónico – Ana estava cada vez mais impaciente.
- Não, não, não, - disse João, a limpar as lágrimas histéricas e a tentar retomar algum fôlego – diga-me só uma coisa...
Mas não completava. Gargalhava como um louco. Ana revirava os olhos. João vai conseguindo controlar-se.
- Você tem um quadro de uma mamma italiana que aparentemente vale a vida da minha mulher, que está nas mãos de um tipo qualquer saltado do túnel do tempo. Até aqui tudo bem, se não fosse o...
Mais gargalhada. Mais revirar de olhos.
- ... O facto de você ter um CC e um BCC!
Ana levanta-se já completamente impaciente.
- Podia por favor recobrar a sua compostura?
João levanta-se instantaneamente, pondo-se de frente para ela.
- Posso recobrar toda a compostura do mundo, Dra. Copy/Paste, se você se dignar a dizer-me, por amor de Deus, desde quando Tarantino trabalha para os Apanhados, porque esta merda já me está a dar A VOLTA AOS MIOLOS!
João já está aos berros.
- POR CAUSA DO QUADRO DUMA PUTA DUMA VELHA!
Ana encolhe-se com o último berro.
- Sem ofensa à sua bisavó, é claro.
Há um momento de silêncio em que João volta a sentar-se.
- Posso fazer-lhe uma pergunta?
João assente. Não deve haver nada que ela não saiba.
- Quem o enviou para me matar?
- Não sei.
- E quem está a proteger-me?
- Diga-me você.
Ana levanta-se, está claramente nervosa. Saca de um maço de tabaco da mala, oferece um cigarro a João que aceita prontamente.
- Pode não acreditar, mas estou tão às aranhas quando você. A mim também não me dizem nada.
Ana estaca. Descaiu-se. Abre-se um leve sorriso nos lábios de João.
- Você...
Ana cerra os olhos. Dá uma passa nervosa no cigarro. João levanta-se, aborda-a por trás.
- Você está numa missão também.
João encosta-se a ela, respira na sua nuca.
- Quem é o seu alvo, Ana Casaco?
- Não é tão simples quanto parece.
Já falou. Mas que merda, o que aconteceu ao seu profissionalismo?
Vira-se.
- Não estamos exactamente no mesmo meio, João. Mas pode acreditar numa coisa...
A sua voz é rouca, quente.
- Para mim, a única coisa que importa é o quadro. Mais nada. Para proteger o quadro, não olharei a meios.
Agarra na mala, amarra um lenço sobre os cabelos e põe os óculos à Jackie Kennedy. João sabe que não é o momento de tentar escapar. Os anos naquele ramo ensinaram-lhe que um dia é da caça, outro do caçador.
- Você vai ter de ficar aqui, agora. Mas vai ter notícias minhas em breve. Se se portar bem, posso ver se descubro alguma coisa sobre o meu protector e... a sua mulher.
Leonor. Claro. O Chanel nº 5, a voz rouca e toda aquela história louca de Ana o tinha envolvido de tal forma que a sua mulher tinha passado para o fim da fila.
- Se não puder vir, mando alguém em meu nome.
- Uma das suas irmãs?
Ana já está à porta.
- Irmãs?
- Sim, as duas mulheres ontem... no restaurante?
Ana sorri um meio sorriso misterioso, sem nunca levantar os óculos.
- Ne te laisse pas influencier par la première image. Jamais.
Bate a porta. João ouve três fechaduras a serem encerradas. Está sozinho com Francesca.
sábado, 11 de julho de 2009
TOCA A MEXER MELISSA PREGUIÇA
A nossa próxima tem que ser um romance piroso-romântico-erotico-escaldante.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Do Outro Lado da Mira - Na Escuridão de um Olhar
O olhar turvo, a boca seca, a cabeça tonta indicavam-lhe que não estava no controle da situação e isso tirava-o do sério. Queria correr dali para fora, mas as pernas estavam presas, queria gritar, mas apenas um leve murmúrio se soltava da garganta enfraquecida. Esfregou os olhos raiados de sangue e quando voltou a abri-los já não estava lá ninguém. Encontrava-se sozinho na sala privada do restaurante. A mesa não estava caída no chão, não havia garrafas entornadas, nem o ruído das vozes femininas povoava o ar em seu redor, cada vez mais escasso. Sentia-se sufocar.
Queria juntar as peças do puzzle, raciocinar com clareza, mas antes de conseguir perceber o que lhe estava a acontecer caiu sem sentidos, inanimado no chão pegajoso do restaurante. O seu cérebro gritava ordens de comando ao corpo entorpecido, mas os músculos não lhe obedeciam.
Ouviu uma voz feminina suave que cuspia ordens de maneira firme e segura e sentiu quatro mãos que pegavam no seu corpo inerte, elevando-o no ar. O frio da rua penetrou nos seus pulmões como uma facada e o motor de um carro em funcionamento disse-lhe que alguém aguardava por eles. O som seco de uma mala a fechar catapultou-o para o que julgou ser a sua própria morte. Então morrer era assim? Mas que voz era aquela que continuava a escutar? Que ruído de fundo, que mãos lhe tocavam agora? Só podia ser uma qualquer entidade divina encarregue de o transportar nos braços até ao juízo final.
O som de uma peça para piano de Mozart puxou-o do sono profundo em que havia caído e quando conseguiu finalmente descerrar o olhar e despertar do que lhe parecera o seu próprio fim, uma mulher fitava-o. Cabelos cor de mel, olhar perdido no fundo da alma. Um olhar escuro, cheio de todos os mistérios femininos do mundo. Num flash cada vez mais consciente sentiu a mão de Ana no avião quando passou por ele e reviu na sua mente tudo o que tinha acontecido. O seu olhar demasiado treinado para se deixar enganar lembrou então a subtileza com que o alvo do seu próximo crime passara a mão sobre o seu copo de Whisky pousado na mesinha de refeição.
Mas antes de poder alinhavar as suas próprias conclusões olhou de volta o olhar que o fitava vindo de uma simples pintura e percebeu que estava na presença do famoso Modigliani. A mulher retratada pelo pintor que morrera na miséria estava no mesmo compartimento que ele, desafiando-o, tentando-o, mas ao mesmo tempo, enchendo-o da mais profunda paz. Quem quer que fosse aquela mulher ali pintada valia a pena lutar por ela, disso não restava a menor dúvida.
- A minha bisavó Francesca e antes que me pergunte sim. Fui eu que o dopei no avião.
João virou-se naquela cama improvisada sobre um sofá de veludo e ali estava ela mais uma vez, a mulher que teria que assassinar. Bonita, quase etérea, num olhar em tudo tão semelhante ao do quadro.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Do outro lado da mira: ménage à trois.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Do outro lado da mira - "Napoleon"
Pela primeira vez João tinha dúvidas no seguimento da sua missão, a vida de Leonor estava em risco mas também não queria deixar de desvendar todo este mistério. Três Anas é algo que nunca lhe tinha acontecido.
Apanhou um táxi e pediu para o deixarem no Hotel "Napoleon", era o hotel onde ficava sempre que vinha a Paris, a secretaria do banco tinha sempre o cuidado de o instalar na melhor suite e a sua chegada era sempre muito discreta. Sabia que tinha que ser discreto, por isso optava sempre por ficar no "Napoleon", no caso de alguém do banco tentar falar com ele, sabiam que era ali que ficava sempre. Não queria levantar suspeitas.
Quando terminou de fazer o check-in a recepcionista informou-o que tinha um envelope para ele no seu quarto, que tinha sido deixado logo de manhã.
Estranhou já ter algo à sua espera no hotel, ele próprio só sabia que vinham à algumas horas atrás. Foi encaminhado pelo empregado até à suite 44, e pousou a sua pequena mala em cima da cama. Abriu a janela que dava para o o Arco do Triunfo e sem se sentar abriu o envelope.
Várias fotografias, uma breve apresentação sobre a vida profissional de Ana, os seus gostos literários e musicais. Para ele as três fotografias mais importantes eram as das três irmãs. Por trás de cada uma delas, estava uma breve discrição dos seus feitios, dos seus tiques e também algumas diferenças físicas que eram bem visíveis, o que para ele acabava por ser uma grande ajuda. Descobriu que de todas elas Ana era a única que tinha uma mescla de cabelo louro junto à orelha direita. Era uma mescla muito pequena que nem sempre era visível, principalmente quando ela andava com o cabelo apanhado.
Descobriu através do envelope que lhe tinha sido deixado onde é que estavam hospedadas e começou por programar o seu dia para as começar a seguir.
As horas foram passando e quando deu por isso a tarde já tinha passado, escondeu as fotografias e os documentos dentro do cofre e foi até ao "Le Boudoir" o seu restaurante preferido de Paris.
Chamou o elevador e poucos segundos depois as portas abriram-se. Entrou e tentou disfarçar a sua admiração. Ali ao seu lado estava uma das Anas, não conseguiu distinguir qual delas era, olhou atentamente para o cabelo mas nada da tal mescla, ouviu com atenção a conversa que esta estava a ter ao telefone. « Sim, vou ter contigo ao "Le Boudoir" mas olha que eu acho que eles só servem refeições ao almoço...está combinado...até já então».
João ficou espantado, sem saber ela iria jantar ao mesmo restaurante que ele, era a oportunidade que ele teria para descobrir mais sobre elas e criar a oportunidade ideal para finalizar a missão.
Do outro lado da mira - no aeroporto
O telemóvel toca. Leonor. Leonor e os seus timings perfeitos.
- Leonor, estou a caminho de uma reunião importante, podias deixar isso para...
- A Leonor está bem.
João não reconhece a voz àquele homem, mas sabe exactamente quem é.
Sérgio Andrade. Seja esse o nome de uma pessoa ou uma organização.
- Vai-me dizer o que devo fazer para ela continuar bem, não é?
- O mesmo humor de sempre, João.
Ok, já estamos a fazer progressos. É alguém do passado.
- A mulher do avião? Esquece-a.
- Então é mesmo a tal...
- É mesmo a tal de quem a vida da tua mulher depende. É a tal que te tem pelos tomates, portanto. Esquece-a.
João olha para um lado, olha para o outro. Não sabe da mulher do avião.
- Não será difícil, já a perdi.
- Os vossos caminhos vão voltar-se a cruzar. E tu, João, vais-te desviar dela.
João tem um ar de riso. Claro que não era só um quadro.
- Como é que sei que não clonaram o telefone da Leonor? Quero uma prova!
- Sempre soubeste identificar bluffs, João.
João suspira. É verdade.
- Quando tivermos o Modigliani, terás a tua mulher.
Desligam.
O quadro, outra vez. Seja o que for, aquela mulher e aquele quadro parecem ser duas faces da mesma moeda. Do mesmo conceito.
E, de repente, Ana reaparece. Tem agora uma maleta preta e dirige-se à porta de saída. João caminha em passos firmes sem desviar o olhar. Ela passa a porta giratória. Segundos depois, ele também. Quase tropeça num mendigo que está ali sentado com um pratinho de moedas.
E lá, encostada ao Mercedes preto, está outra Ana. Vestida exactamente com o mesmo tailleur escuro.
João esfrega os olhos.
A Ana do avião cumprimenta a outra com um beijo demorado nos lábios. A porta do condutor abre-se e sai de lá outra mulher.
Outra Ana. Idêntica.
Trigémeas.
Depois dos cumprimentos rápidos, entram as três no carro e partem.
João está atónito.
Qual delas será o seu alvo? Se falhar, é banido do "Banco". Se for bem sucedido, perde Leonor.
Precisa de beber um café para aplacar o efeito do Xanax e pensar em tudo isso. Ao passar pela porta giratória, sente uma mão a agarrar-lhe o tornozelo. É o mendigo.
- Quoi qu’il arrive... Ne te laisse pas influencer par la première image.
João olha-o. Mas que diabo...
- Quelle image?
- Pense deux fois.
O mendigo larga-o. Pela primeira vez em anos de profissão, João sente-se encurralado.
domingo, 5 de julho de 2009
Novo Membro na Equipa
A Melissa, minha colega de trabalho e amiga vai-se juntar nesta viagem um bocadinho alucinada iniciada por dois perfeitos desconhecidos que se juntaram por empatia de escrita.
Tenho a certeza que vamos ficar surpreendidos com a contribuição de mais uma alminha iluminada (até parece que é um blogue erudito).
Miguel, como é que é? E se deixássemos a Melissa dar um pézinho de dança já "No outro lado da mira?". A ver se o blogue não anda tanto tempo parado.