Daniel entrou no quarto da mãe e encontrou-a pendurada no tecto, lívida. Ainda mais alva do que o normal. Aquele branco marmóreo contrastava com o negro das suas vestes. "Mãe?" sussurrou Daniel que sabia que Alva detestava que falassem alto na sua presença. Olhou-a e sentiu os seus olhos vazios. Estranhou o baloiçar do corpo da mãe. O grito da empregada que descobriu aquele cenário assustou-o. Encostou-se a um canto e assistiu ao desespero de Thomas a suportar o peso do corpo, ao choro compulsivo das empregadas, á chegada dos homens de negro que a retiraram do laço mortal, ao padre que entoava orações sombrias e ao silêncio do quarto quando todos se retiraram. Ninguém pareceu dar pela sua pequena presença. No chão da sala, o véu mortal repousava. A medo, Daniel aproximou-se e pegou no véu negro. Aproximou-o da face e foi invadido pelo cheiro a incenso intenso que dele emanava.
O mesmo cheiro que invadiu o corpo de Gina na noite em que foi visitada pelo Anjo Negro. No dia seguinte a essa noite, acordou dorida e com estranhas marcas negras nas costas. Descobriu que tinha imensa dificuldade em respirar e em mover-se mas não se lembrava de nada. A noite era um enorme buraco na sua memória. Sentiu o desprezo e a rispidez das freiras e dos padres e estranhou a ausência de um dos padres do convento. Entretanto foi adoptada e abandonou o convento mas sempre com aquele buraco negro na sua memória. Anos mais tarde, quando trabalhava numa empresa como secretária de um dos directores, entrou numa sala e sentiu aquele cheiro novamente. Sentiu-se invadida por ele, dominada por ele. Acordou no dia seguinte, nua, no meio de escombros de um incêndio e, logo depois, perdeu tudo. E ganhou um novo hiato na sua mente.
Daniel cresceu atormentado pela mãe. Na adolescência via-a esporadicamente. Atrás de uma árvore, no cimo das escadas, sentada na sua cama. E ele guardava sempre o véu perto de si. Quando Gina chegou, Daniel estava lá. Assistiu ao seu encontro com Carvalho, o zelador. E, pela primeira vez, Alva falou com ele. "Esta mulher é o Diabo!" disse-lhe. E Daniel seguia-a, para todo lado. Estava lá quando Gina seduziu Thomas, estava lá quando Gina se masturbava freneticamente. E não resistiu aos feitiços que Gina lhe lançou quando se entregou a ela. Depois disso, Alva falava com ele constantemente "Tens de os matar!" gritava-lhe sem cessar. Depois de ser enviado para o Seminário, um bondoso padre percebeu a tormenta daquele jovem. Cuidou dele e percebeu a razão da loucura de Daniel: o confronto com a morte violenta da sua mãe. E quando viu o véu de Alva encontrou a razão! Através de um processo doloroso de hipnose regressiva, Daniel pode finalmente confrontar-se com a sua perda e fazer o luto.
Quando Daniel entrou no quarto de Gina e Thomas, Gina sentiu aquele odor a preenchê-la de novo. Sentiu claramente a sua sanidade a abandoná-la e abandonou-se ao sabor da lascívia. Apoderou-se dela uma vontade selvagem e atacou Thomas com fulgor. A sua língua tentava penetrar fundo na boca de Thomas. Guiou-o até aos seus seios firmes gemendo "Lambe-me..." enquanto disparava um olhar felino em direcção a Daniel. "Daniel, por favor, preciso de um homem que me preencha, que me penetre com a força e o volume que eu preciso... e tu tens isso Daniel, suplico-te... INVADE-ME!!" Daniel deixou cair o véu e retirou-se. "Não tomarei parte nesta loucura..." enquanto Gina se colocou em cima da Thomas. Abriu as pernas e sentou-se na face dele, como se desejasse que ele se introduzisse, todo ele, no seu húmido túnel. Thomas fazia tudo para aplacar aquele fogo que a consumia. A sua língua penetrava-a o mais fundo que era capaz mas nada chegava! Gina repetia continuamente "Preciso de um cajado forte e duro... preciso de um homem a sério..." e Thomas desistiu. Sentia-se humilhado, diminuído, derrotado. Afastou-a e sentou-se na cama. "Gina... precisamos de resolver... Gina?", mas ela estava absorta pelo véu, obcecadamente a olhá-lo como se a sua vida dependesse disso! "Gina? GINA!!" mas ela continuava hipnotizada por um qualquer poder que o véu destilava. Num salto, agarrou o pedaço de tecido e queimou-o. O cheiro a incenso foi rapidamente consumido pelas chamas e substituído pelo das fibras queimadas. Gina despertou e estava confusa. "Meu amor, o que se passou?", e Thomas percebeu.
Alguns meses de terapia bastaram para Gina recuperar os buracos negros da sua memória. Compreendeu e aceitou o que lhe tinha acontecido e foi finalmente feliz! Fazia amor com Thomas muito regularmente, descobriram juntos novos acessórios de prazer que a satisfaziam. Falavam muito e amavam-se sem reservas. Mas Thomas sentia-se levemente infeliz. muito embora o tentasse disfarçar e Gina percebia isso. Até que um dia, Gina entrou no quarto com a felicidade estampada no rosto! "Thomas, meu amor!!! Olha, olha o que eu descobri!! Vê...." e passou uma revista para as mãos de Thomas. Ele olhou a pagina e pegou na revista. Por um longo momento não manifestou qualquer emoção mas depois chorou. E chorando abraçou longamente Gina dizendo "Obrigado meu amor, muito obrigado!!". Gina devolveu o abraço e a revista caiu no soalho lustroso do quarto. Na página via-se a foto de um pénis de onde saiam fios electrónicos ligados a uma consola com alguns botões e na legenda "Descubra a primeira prótese peniana do mercado!! A suavidade e verosimilhança do silicone moldado à sua medida aliada à tecnologia de ponta. Com uma pequena intervenção cirúrgica, o prazer está à distância de um botão".
E viveram felizes para sempre.