Tudo o que cheira a nós é bom. Faz-me voltar ao tempo em que apenas o nosso cheiro povoava tudo aquilo que importava.
Quando toco nas tuas mãos sei exactamente a textura que vou encontrar, quando sigo os teus passos na areia da praia sei que os meus pés vão encaixar dentro da marca dos teus e gosto de me sentir dentro do teu caminho. Saber que rumo a ti, como quem ruma a Norte, como quem quer chegar a um porto seguro.
Não gostas de olhar as estrelas que nos chamam de noite, mas gostas de me olhar no escuro. Não corres para ver um por-do-sol, mas antecipas cada sorriso meu, não descobres uma novidade todos os dias, mas redescobres-me a cada final de tarde que te traz para casa, juntamente com toda a tua alegria.
Não fazíamos grande sentido antigamente, quando ainda não nos tínhamos. Mas agora sei que deixámos de fazer sentido separados.
A folha de papel queimava-lhe as mãos trémulas e chorou por tudo o que tinha perdido. Sabia no entanto que jamais voltaria a perdê-lo. Ao amor que aprisionara bem dentro de si, que continuava a elevá-la bem alto quando a vida teimava em projectá-la para debaixo de tudo.
Abrira aquela caixa de madeira cheia de pequenos envelopes quando ouvira alguém dizer que só os homens escreviam grandes cartas de amor. Cheirou as folhas de papel e conseguiu senti-lo de novo junto a si.
Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.
domingo, 12 de abril de 2009
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2 comentários:
Não tens saudades de receber uma carta em vez de um e-mail? De ver a caligrafia de quem te fala em vez dos caracteres impessoais do teclado?
Quando a Mariana "desenterra", de vez em quando, as nossas velhinhas cartas, sinto as emoções contidas em cada frase.
Miguel a morte lenta das cartas de amor é um dos meus grandes desgostos. Agora é tudo por computador e não tem metade da magia não senhor...
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