Vagueou pela casa a noite inteira a pensar na melhor forma de terminar com o seu sofrimento. Sabia que não ia aguentar nem mais um mês a viver debaixo do mesmo tecto do que aquele ser abjecto. Quando regressou finalmente à cama deles, já vencido pelo cansaço e sem ideias geniais, sentiu o braço dela sobre o seu peito. Já não ressonava. Não demorou muito para que o braço começasse a descer pelo seu corpo. Ele sabia exactamente onde aquela incursão levaria. Tentou afastar-se dela o mais que conseguiu, mas a manápula segurou-o, bem firme.
- Anda cá homem.
O pénis de Prudêncio encolheu em directa proporção com o seu asco. O hálito a tártaro, o buço que parecia esvoaçar, o cabelo oleoso com um capacete de rolos. Não conseguia sequer pensar na mulher que todo o seu corpo começava uma dança no sentido do vómito. Mas a voz dela não o deixou fugir:
- Não vês que estou carecida disso? Anda cá, do que é que estás à espera? És feito de quê afinal? De merda? Anda, monta-me!
Cada palavra dela era uma chapada na sua masculinidade e em vez de uma explosão de desejo, Prudêncio tremia até ao mais íntimo do seu ser.
- Estou cansado. Agora não…
A mão dela acertou-lhe na face corada e podia jurar que dois dentes tinham saído projectados.
- Vem cá. Já te disse que preciso! Ou te pões teso, ou mato-te de pancada e juro que não te deixo um dente nessa cremalheira seu trapo velho, sem préstimo.
Prudêncio trémulo comunicou com o seu pénis, numa linguagem muito deles. Implorou-lhe que se arrebitasse, que desse sinais de vida, que saísse do desmaio, para lhe salvar a vida mais uma vez.
Alzira puxou-o para cima dela como um animal no cio. Ele olhou os rolos que lhe cobriam a cabeça e tentou imaginar uma mulher loira, magra, bem cheirosa. Mas em vão, tudo nele murchava como uma num dia de vento. Até que olhou a almofada atirada para o lado e pensou de uma forma tão veloz que se assustou a ele próprio. Só isso poderia salvá-lo. Seria tudo ou nada. Agora, ou nunca e com as duas mãos a tremerem, agarrou na almofada e colocou-a com todas as forças sobre aquela carantonha diabólica. Pressionou, pressionou, pressionou com toda a raiva, asco, humilhação. Ele tinha que conseguir sufocá-la…
Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.
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12 comentários:
EH Lá.... Oh Ana este texto está brutal. Bem essa imaginação está ao rubro.
Agora será que o Miguel a mata?! ai ai ai, agora tou em pulgas!
L eu até diria mais. Está grotesco. É para variar um bocadinho das histórias cheias de mel. Há que escrever um bocadinho de tudo.
Vamos lá a ver como é que o Miguel se desenrrasca desta ;)
Clap, clap,clap!! Palminhas!
É tão bom ler outras coisas tuas Ana!! E gostei mesmo deste episódio!! Já estava um bocadinho farto de talto Amorrrrrrrr.
Venha a brutidade e a violência! O ódio e o nojo, a vingança e a morte!!!
Miguel põe-me qualquer coisa à frente, por mais estúpida que te possa parecer e eu escrevo sobre ela.
Sou romântica, acredito no amor. Mas sou polivalente como tudo. Senão não estava a escrever novelas para ganhar a vida ;)
Obrigada pelas palmas. Vindas de um home famoso como tu sabem sempre bem.
Ai que arrepio! Será que o Prudêncio vai conseguir livrar-se da sua "querida" esposa? Tenho um feeling que me diz que ainda não é desta e que o nosso herói ainda vai penar um bocado até que a Alzira escorregue numa escada recém lavada com lixívia... assim, além de morta, ficava branquinha, branquinha, para combinar com o interior do caixão!
Oh Ana eu admito... quando li o episódio de hoje, o meu estômago deu uma reviravolta!!!! Mas depois sorri ao lembrar-me do quão romântica és e que mais tarde ou mais cedo vai surgir por aqui uma história cheia de mel e coisinhas boas :P
Banita este homem é uma boma sexual, não é? AH AH AH. Quanto ao resto vê-se que és uma noveleira nata. Olha que a ideia da líxivia não é nada má...
L temos que ter um bocadinho de tudo por aqui. Se o teu estômago deu uma reviravolta é bom sinal ;) Fica descansada que não perdi o romantismo.
Estou mesmo aficar em pulgas com isto tudo diz lááááá ele vai MATA-LA???????
Mitá, tal como numa novela, tens que esperar pelo próximo episóido :) E aqui tens sorte porque não há publicidade pelo meio. Só o tempo de espera entre o que lança a bola e o que a apanha, neste caso a bola está do lado do Miguel e cada um decide por si...
Fogoooo, o pequeno almoço anda aqui às voltas...
Onde eu me vim meter !!!
Brutal!...e infelizmente tão real.
Parabéns pela polivalência, mas aqui a 'rapariga' é uma romântica e pode não ter a ver mas a primeira coisa que me veio à cabeça foi o 'Perfume' o livro que mais me doeu a ler.
Carla conseguiste sentir o cheiro destes dois, foi? Ah Ah Ah
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