Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Inverno e a Aldeia.

O estrondo da porta transfigurou o Padre, branco de terror, de medo, mas de excitação não contida e de sede de sangue. O mesmo sangue que fugia do corpo de Joana, ela também baça de cor e de vida. Agarrava a sua barriga com as mãos brotando sangue e com sangue era baptizado o seu filho, agora a sufocar sem o sangue vital da sua mãe. Um urro quase animal ressoa nas fragéis paredes daquela maldita casa...
"MONSTRO!!! UM DE NÓS MORRERÁ ESTA NOITE!!!
Um grito lancinante rasgou as entranhas da Joana que, deitada no chão, as pernas afastadas, agarrava-se aos joelhos. A dor transfigurava-a. Alberto optou por ignorar os gritos do vulto que pontapeava o escuro no andar de baixo. Ajoelhou-se frente a Joana e viu. O bebé vinha a caminho.
"Pai Nosso que estás no céu, santificado seja o nosso nome. Filho de Satanás, filho das sombras é chegada a tua hora.... NÃO PASSARÁS!!!!"
Elevou a adaga ensanguentada "Com o sangue da puta da tua mãe morrerás..." os murmúrios invadiam as sombras, ele podia ouvi-los. Susteve a respiração e...
"MORRE CABRÃO!!!" o vulto materializara-se sobre ele. Sentiu o peso de um homem em cima dele e rebolaram pelo chão que rangia desesperadamente. Debateu-se o padre como pode face a um monstro que desaparecia nas sombras. Esbracejava na esperança de acertar no vento. Sentiu um murro na face e depois um pontapé na cabeça. Sucumbiu rapidamente. Voltou-se para cima, um olho já fechado pelo sangue e viu o homem que o atacara, sujo, magro, ofegante...
"Tu... não sabes o que fazes... perdoo-te meu filho..."
Um pontapé em cheio no crucifixo que jazia no peito do padre fez ceder o frágil soalho. Alberto caiu com estrondo no chão de pedra. A cruz de cristo em cima da mesa trespassara-lhe o coração.
"Com Cristo morres cão sarnento."
Joaquim aproximou-se de Joana que contraía o abdómen, esvaída de sangue e de forças.
"Joaquim? És tu homem..."
"Sim, sou eu. Andei perdido sem saber quem era mas agora aqui estou."
"O meu filho?"
"Tomarei conta dele."
Joana respirou fundo e, enquanto gritava do fundo de si, expulsava do seu ventre o seu filho. Joaquim segurou no menino, limpou-o. Agarrou no cordão que alimentava ainda o bebé e cortou-o com os próprios dentes. O bebé chorava e Joaquim também.
"És o nosso salvador..."
Joana jazia, morta.
Júlio entrava na aldeia, vazia.

6 comentários:

Miguel disse...

Sempre a aviar!

Ana C. disse...

Ai que chato porque é que mataste a Joana? Isto não fica assim!

Miguel disse...

Voltaram os bons tempos de "desemerda-te com o argumento agora que te lixei a linha narrativa"!
IUPIIIII!

Nuvem disse...

hehehehehe
será que os bons tempos estão de volta?
espero bem que sim, que isto de lançar o isco e deixar o peixe pendurado (leia-se fãs) custa :)
beijinhos e bom fim de semana prolongado a quem o vai ter :)

Ana C. disse...

Eu só estou com um ligeiro problema, não me lembro lá muito bem da história para trás...

Miguel disse...

VAI LER!!! ahahahhahah!