Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sandra regressou ao seu local de trabalho. Os olhos molhados, a voz embargada. Lutou contra si mesma até ao momento em que saiu do edifício. O ar frio da noite e o silêncio do parque de estacionamento receberam as suas lágrimas num silêncio indiferente. Sentia-se humilhada, rejeitada, gozada. Sentia-se uma puta. Entrou no carro e ligou o rádio, pegou no telefone.
-Olá amiga! uma voz bem-disposta recebeu a chamada de Sandra -O que se passa? Estás a chorar??
-Ele... ele... recusou-me... Sandra chorava abundantemente agora.
-Onde estás? No call? Vou já para aí!
Margarida era a melhor amiga de Sandra. Entrou no carro e abraçou a amiga. Começou a chover. Ficaram ali sentadas durante largos minutos. Sandra a chorar e Margarida a consolar. A chuva aumentava e Sandra parava, como se as suas lágrimas fossem agora a chuva que caía intensamente.
-Sinto-me uma puta...
-Não sejas parva! Ele é que é estúpido.
-Não imaginas como me senti... ajoelhada, em frente a ele, pronta... e ele levanta-se e vai-se embora?? Foda-se... sou uma puta.
-Sandra. Detesto dizer-to mas... o que estavas à espera? Já sabes que ele está indeciso e confuso! Já sabes que ele é casado e que não tem tomates para deixar a mulher... não podes ser tão insistente! O que aconteceu à Sandra sedutora e subtil?
-Não imaginas como ele me faz sentir... fico arrepiada só de o ver, fico tensa, contraída, húmida... e nem sei porquê! Estúpida...
-Ora amiga...
-E o pior é que ele me quer! EU SEI QUE ELE ME QUER!! Eu sinto-o. Sei que ele adora tocar-me subtilmente na cintura, nos braços, no cabelo. Sei que ele adora cheirar-me e aproximar-se, sei que olha para o meu rabo quando me afasto. E sei que ele me quer, sei-o porque o tive nas minhas mãos e, acredita amiga!, ele quer-me tanto como eu a ele!! Sandra riu-se, aliviada.
-Ouve Sandra. Ele é casado, tem um filho....
-Um casamento acabado, é o que é!
-Um casamento acabado continua a ser um casamento! Tens que lhe dar tempo, dar-lhe espaço. Aproximar-te devagar e avançar quando for a altura. Assim só o confundes mais... se fores para a cama com ele agora e ele se divorciar depois, a culpa do divórcio será sempre tua! Mesmo que o casamento já esteja acabado, serás sempre "a outra"!
-Mas é tão estranho... ele dá-me montes de dicas e convida-me para o café naquela sala escura... acaricia-me as costas e as ancas e massaja-me enquanto falamos... e depois eu fico louca e só o quero provar e mete-lo dentro de mim... e ele acobarda-se no último momento! Cabrão!
-Ouve, vamos beber uns copos e conhecer uns gajos como deve ser?
-Os copos pode ser, mas não quero nada com gajos hoje!!!
Riram-se. Sandra limpou as lágrimas, retocou a maquiagem e arrancaram.

1 comentário:

Nuvem disse...

a amiga dela tem toda a razão ;)
boa história Miguel