- Chegaste tão tarde hoje Rodrigo, o que é que aconteceu? - O Olhar de Helena enternecia-o sempre, mas hoje parecia impacientá-lo.
- Eu tinha-te dito que tinha jogo. ultimamente parece que não ouves uma única palavra do que te digo. - Ao dizer isto, Rodrigo deixa cair o saco desportivo no chão e descalça os ténis, lançando um em cada direcção.
- Porque é que estás assim?
- Assim como? Tu é que me enches de perguntas quando a minha única vontade é enfiar-me no banho e aterrar na cama. Haja pachorra!
- E não é o que tens feito todos os dias? Porque é que hoje havia de ser diferente? - Helena estava claramente magoada com o tom de Rodrigo - Parece que fazes de tudo para chegar tarde a casa e saíres o mais cedo que consegues. O que é que se passa? Se tens alguma coisa para me dizer diz. Mas pára de agir como um idiota. Este não é o Rodrigo com quem me casei.
- Lamento não ser o poço de perfeição que me imaginavas. Se a realidade é demasiado dura para ti tens bom remédio.
Helena tem o olhar húmido por cada palavra que Rodrigo proferiu.
- Tenho bom remédio?
- Sinceramente Helena não tenho paciência para mais uma das tuas cenas. Um gajo chega de rastos do trabalho e ainda tem que levar com isto em casa?
Rodrigo afasta-se para dentro. Helena segue-o pela casa.
- Estás a querer fazer com que te odeie?!
Rodrigo pára no corredor e olha aquela mulher quebrada diante de si.
- Porque é que não te arranjas mais Helena? Porque é que nunca me desafias para sair, jantar fora, dançar, qualquer coisa. Porque é que passamos a vida enfiados em casa?
Helena chora abertamente, mas já não sabe se é de raiva, se de dor.
- Pensei que gostavas de ficar por casa, que estavas cansado.
- Sempre de calças de ganga, és incapaz de te produzires mais um bocadinho para mim.
- Mas que merda é esta Rodrigo? E tu produzes-te para mim? O que é que tens feito ultimamente para me agradar? Ah não espera, deixa ver. Não sei o que é mais sensual, se as tuas cuecas sujas que tenho que pôr a lavar, ou a porra do jantar que tenho que te fazer todas as noites! Já te ocorreu que eu também gostava que me levasses a jantar fora? Que também gostava que me fizesses sentir um bocadinho mais desejável?
A voz de Helena tremia de indignação!
- Parece que estamos os dois mal.
- Então vamos falar, conversar, tentar entender o que é que está a falhar. Mas não penses que me vais fazer sentir culpada!
Rodrigo limita-se a lançar um olhar de cansaço a Helena e a prosseguir o seu caminho em direcção ao quarto. Ao virar as costas à sua mulher sente-se o pior animal do mundo e pergunta-se o que é que o levou a dizer tudo aquilo que acabou de dizer. Mas é como se uma voz tivesse falado por ele, um impulso que não consegue mais largar. Um impulso chamado Diana.
Helena pega nas chaves de casa, calça uns sapatos e atira com a porta da rua. Não sabe para onde é que vai, a única certeza que tem é que precisa de sair dali o mais depressa possível.
Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Uma discussão é sempre um bom motivo para se procurar outro alguém... a ver vamos se a Diana vai ter o que quer.
Só que esta discussão foi propositadamente provocada pelo Rodrigo. Sabes aqueles homens que querem à força toda arranjar desculpas para trair? Pois é...
Nem mais, Ana C, este Rodrigo faz bem o genéro.
Carla, apanhaste-lhe a pinta. Só uma mulher para ver logo estes filmes...
Desculpas para trair e de preferência com a mulher a sentir-se culpada por tudo, como tão bem fizeste transparecer..
Sei que já venho atrasada, mas só agora estou a ler a história toda e vou comentando á medida que o faço.. Bjs
Enviar um comentário