Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.

terça-feira, 31 de março de 2009

Um Estranho Caso de Amor: lágrimas

Rodrigo avança para de novo beijar Diana, com o olhar turvo pela luxúria que o domina e que lhe dá um ar de loucura prestes a rebentar. Diana afasta-se e coloca-lhe uma mão no peito. Está com um ar absolutamente furioso enquanto diz: "Estás louco?!?" e sai repentinamente batendo a porta, furiosa. Rodrigo está confuso e, ao mesmo tempo furioso. Com Helena por ser tão presente, tão constante. Precisa de espaço para pensar, para se organizar e ela não lho dá. Com Diana por lhe ter mostrado um prazer que nunca tinha sentido com mais ninguém, como uma criança que recebe um brinquedo novo, e por agora lho estar a recusar. Mas estava principalmente furioso com ele próprio. Sempre fora confiante e determinado. Nunca teve dúvidas nas suas escolhas. Porquê este caos agora? Esta desorganização completamente fora de controlo?
"Já fizeste a porcaria do café?" perguntou enquanto entrava lentamente na cozinha. Descalço, tronco nu, o cabelo negro sobre os olhos dando-lhe um aspecto sombrio. Helena chorava encolhida num canto. "Chora, chora... não me serves para nada. Absolutamente nada!" Sentou-se indiferente à mesa e comentou "Que porcaria de café..." Helena sentia-se pequena, vazia e todo o seu interior chorava. Não era medo, era uma profunda tristeza pois amava aquele homem e sabia que ele a amara também, até há bem poucos dias. Chorava porque, estando na sua cozinha com o seu companheiro de anos, sentia-se no desconhecido.
A campainha tocou. Helena correu até à porta e abraçou António. " Olha, olha, quem ele é!!" disse Rodrigo num tom trocista "Sabia que nunca tinhas esquecido esse... esse merdas! Há quanto tempo andas com ele? Sabia que eras uma galdéria... Vai! Pirem-se os dois daqui!!" António retesou os músculos e deu um passo mas Helena pediu para a levar dali. "Estás louco Rodrigo? Nunca gostei de ti porque me roubaste Helena, mas pensava que irias cuidar dela... já vi que me enganei... não vales nada!" Saíram.
Rodrigo estava descontrolado! Arremeteu a chávena do café contra a parede, pontapeou a porta e desfez os lençóis da cama. Sentia-se furioso mas não conseguia determinar com o quê. A visão de Helena apoiada em António revelara-se insuportável. Amava-a ou odiava-a? A linha que separa estes dois sentimentos era agora ténue e ele já não sabia o que sentia por ela. Sentado na cama, observava os prédio que dominavam a cidade e pensava como seria atirar-se do telhado de um daqueles arranha-céus. O que se sentiria na rápida descida. E o contacto com o chão? Seria doloroso ou libertador? Enquanto pensava de olhar perdido no horizonte sentiu o toque quente a que já se habituara. "Voltaste? Pensei que já não querias nada comigo, de tão furiosa que estavas..."
"Cala-te! És parvo se pensas que me vou expor à tua mulher! Tu és apenas o meu brinquedo..." sorria com ar de menina inocente mas o seu olhar traía-a. Estava louca de desejo. "Fiquei muito excitada com toda esta cena tragico-cómica!! Eu, inocente, apanhada numa discussão entre marido e mulher!" Soltou uma gargalhada leve e aguda, como uma menina travessa. Rodrigo perdeu o controlo. Agarrou-a por um braço e encostou o peito dela ao beiral da janela enquanto lhe fazia subir o curto vestido até à barriga e lhe arrancava a lingerie rendada "Á bruta? Gosto muito..." sussurrou Diana com a voz sumida na respiração acelerada e no gemido que soltou quando Rodrigo a penetrou furiosamente. Rodrigo movia-se furiosamente. Parecia mais que queria libertar as suas frustrações que propriamente retirar algum prazer de Diana. Os braços tensos, os olhos firmemente fechados como se estivesse envergonhado do seu comportamento. Terminou rapidamente e caiu exausto na cama. "Uma rapidinha? Esperava mais de ti, meu garanhão! Mas hoje não foi um bom dia para ti... da próxima será melhor."
"NÃO HAVERÁ UMA PRÓXIMA!!" gritou Rodrigo, desolado.
"Também disseste que não haveria uma primeira, lembras-te? E ainda há pouco te rendeste, tu próprio o disseste." saiu com o seu característico porte altivo e sensual. Rodrigo não conseguiu conter tudo o que sentia, tudo o que o consumia e irrompeu num choro descontrolado "O que ando eu a fazer... Helena..."
Helena estava sentada no carro de António, mais calma mas ainda com algumas lágrimas rebeldes que teimavam em rolar pela sua face. "Obrigado por vires António... obrigado."
"Não me agradeças Helena, sabes que gosto muito de ti. Para onde queres que te leve?"
"Não sei... guia e veremos onde a estrada nos leva."

7 comentários:

Ana C. disse...

Eu tinha ficado de te mandar um bocadinho abaixo no teu próximo texto para não ficares com o ego demasiado massajado. Mas não dá mesmo seu grande sacana. Mais um texto muito bom.
Agora só me resta mesmo dizer:
Vamos ver onde a estrada nos leva:)

Miguel disse...

Acho que "meu grande sacana" é suficiente. Estou destroçado.... LOL
Fico contente por teres gostado!
Ando a ver se cozinho uma batatinha para ti...

R disse...

Assim que vi que havia a continuação da novela, vim logo ver. Está muito interessante Miguel C. O que será que se vai passar com o Rodrigo? O fulano parece que gosta da Helena, mas porque será então que tem necessidade de criar este escape (a Diana)? Vamos lá ver!

L. disse...

Eh pa... por favor... oh Miguel, deixas uma pessoa assim?

Quero mais!!!!! Quando vem o próximo capitulo?

Beijinhos aos dois

Banita disse...

Muito bom, Miguel! Quando quiseres deixar a vida de enfermeiro, podes sempre ganhá-la a escrever!
beijinhos

Miguel disse...

Banita: com o espirito com que ando... não me importava nada de ganhar a vida com isto!

Ju. disse...

Eu não sei o que vocês estariam a pensar (vou já descobrir!) mas este Rodrigo só pode ter um probleminha qualquer.. O que é que ele quer afinal?