Uma chuva miudinha molhava a terra vermelha do cemitério da propriedade Netherfield naquela tarde abafada de Verão, criando pequenos córregos encarnados que escorriam entre os sapatos e barras das saias dos poucos presentes à volta do caixão. Ninguém dizia nada. Ninguém se entreolhava. Não havia lágrimas, nem choro. O esquife baixa à terra enquanto o padre diz as suas últimas palavras.
- Vieste do pó e ao pó voltarás, Constança Belleview.
Gina levanta os olhos pela primeira vez, e mesmo sob o véu que lhe cobre respeitosamente a vista, encontra o olhar cheio de ódio de Daniel. Gina abana a cabeça, perturbada como se dissesse que não.
Não, não fora ela a cometer aquele crime hediondo.
- Descanse em paz, Mrs. Belleview.
O padre retira-se. Pouco a pouco, os empregados da mansão Netherfield o seguem, numa procissão cheia de sussurros e troca de olhares evitados durante a cerimónia fúnebre. Gina vê que lhe apontam o dedo, que dizem o seu nome em surdina.
No meio deste incómodo, sente uma mão firme sobre o seu ombro. Vira-se.
- Venha comigo. Você está visivelmente abalada e precisa de descansar.
- Os empregados vão falar, Sr. Netherfield. – diz com uma voz grave.
- Desde que não a importunem, podem falar à vontade. Mas o primeiro que a incomodar será despedido.
Netherfield oferece-lhe o braço, que Gina aceita, relutante. Saem os dois em direcção à mansão. Gina ainda olha para trás, para encontrar mais uma vez o semblante de raiva de Daniel sob a chuva que começa a cair mais forte. Mas um casaco quentinho que cai sobre si como um abrigo afasta-a daquela visão sombria.
- Obrigada, Sr. Netherfield.
Chegam completamente ensopados à pequena sala privada de Netherfield, pois um longo caminho separa o cemitério da casa grande. Gina tira os grampos que prendem o véu e o xaile que cobre o seu regaço, deixando que os seus cabelos fartos rolem sobre o seu peito generoso. Netherfield não esconde um ar de surpresa. Corando, Gina desculpa-se e faz-se à saída.
- Muito obrigada por me ter acompanhado, Sr. Netherfield. Se precisar de alguma coisa, estarei no meu quarto…
- Gina…
A voz é rouca, com um sofrimento e ânsia contidos.
- Fique, por favor. Beba um brande comigo.
Envergonhada, Gina senta-se. Aceita o brande que Netherfield lhe põe nas mãos. Cansada dos últimos eventos, Gina bebe o brande de um só trago. Pouco habituada ao álcool, o calor invade-a de súbito. Netherfield repara e ri-se.
- Deixe-me ajudá-la.
Netherfield solta os atilhos do decote de Gina, que, assustada, salta para trás. Um pensamento invade-a, aquecendo o seu coração.
Laura não está lá. Laura morreu. Ela está livre daquele demónio.
- Desculpe, Gina, só queria ajudar…
- Oh, e ajudou, Sr. Netherfield… - Gina segura a mão dele sobre o seu peito – ajudou muito. Obrigada…
Gina larga a mão de Netherfield, que afrouxa a pressão que fazia sobre os atilhos da blusa dela. Estão soltos, e os seus seios estão agora em plena liberdade. Inebriada pelo brande, Gina suspira de olhos fechados e deixa-se relaxar completamente sobre o sofá. Netherfield tem a respiração acelerada.
- Menina Virgínia…
Num sorriso lânguido, Gina replica.
- Chame-me Gina, senhor. Gina, apenas.
Netherfield entende aquele singelo consentimento e enlaça-a num beijo longo e morno, que para ela tem sabor a um pecado consentido, desejado. A língua dele é sôfrega e explora os seus recantos. Lábios, pálpebras, lóbulo… pescoço… nuca. Gina é pura alegria e liberdade. Decidida, alcança o membro de Netherfield, enrijecido sob as calças. Desembaraça-o em movimentos rápidos e, fazendo deslizar o seu desnudo tronco para baixo, sorve toda a masculinidade daquele homem, que uiva de prazer. Gina olha-o nos olhos enquanto lhe dá aquele momento de satisfação oral, lânguida, húmida.
Querendo retribuir, Netherfield puxa o seu frágil corpo e, num único impulso viril, coloca-a sentada no braço do sofá, mergulhando entre as suas saias, encontrando as suas partes moles e quentes e saboreando o doce néctar que Gina lhe oferece.
Nunca foram tão felizes. Nem tão livres.
Fazendo com que Netherfield se sente, Gina, afastando bem as suas pernas, senta-se lentamente sobre o seu sexo, sentindo aquela maravilhosa e libertadora dor, tomando ela as rédeas do acto, sendo ela a agente daquela penetração. Netherfield agarra-a pela cintura e embala-a com ritmo, doce ao princípio, cada vez mais frenético a cada investida. Têm os olhos fechados ao aproximar-se do inevitável êxtase.
O relógio da sala bate as doze badaladas enquanto os dois se banham no calor e humidade um do outro, gemendo alto. Ter-se-ão passado assim tantas horas, Gina pensa rapidamente. De facto, é noite lá fora. As cortinas estão abertas.
Nada importa. Netherfield e Gina chegam ao clímax ao mesmo tempo. Netherfield, exangue e exausto, mergulha no regaço nu de Gina, que finalmente abre os olhos para as janelas. A chuvinha fina agora é uma tempestade furiosa, e um ou outro clarão invade a sala de quando em quando.
E agora ela tem a certeza.
Há uma mulher a olhá-la numa delas. Veste negro e é muito pálida.
Na outra janela, outra mulher, coberta com um véu branco.
Constança.
O coração de Gina pára. Netherfield larga-a, de repente. Gina olha-o e vê que o seu olhar está fixo na porta.
Lá está Daniel, encharcado, com um machado na mão. O seu olhar pede sangue.
Há quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
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5 comentários:
beeeemmmm Melissinha....
o outro demorou um pouco, mas agora 2 quase de seguida... e esplêndidos!!!
parabéns pelo regresso à pornochachada... com contornos de drama/suspense :)
Não te queremos deixar entregue a maus romances de Verão, Nuvem! :)
Mel, Mel... finalmente SEXO ORAL!!! A partir de agora é sempre a descer!!
Muito bom, gostei muito.
De volta a PORNOCHACHADA, mas sem chachada. Para quem dizia que iria escrever sempre as cenas de sexo com reza à mistura, saiste-te maravilhosamente. Parabéns, adorei!
o olhar do Daniel pede sangue...
e ele olha....
olha....
mas não há maneira de lhe darem sangue...
será que se o meu olhar pedir sangue ele aparece?
:D
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