tag:blogger.com,1999:blog-35091869121640619392024-03-19T10:30:53.435+00:00AS BLOGONOVELASHá quem goste delas curtas, há quem as aprecie mais longas, mas para nós o tamanho não importa, uma história merece sempre ser contada.Ana C.http://www.blogger.com/profile/05357427699826525462noreply@blogger.comBlogger135125tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-88161128422232361952012-05-14T13:33:00.002+01:002012-05-14T13:33:28.646+01:00A OutraÉ ela que o vê doente e que coloca a mão fria no seu rosto febril. É ela que o vê acordar e que dorme sobre o colchão moldado pelo corpo dele, havendo lados definidos para cada um. É ela que anda de mão dada com ele na rua e que se deixa envolver pela cintura, sem ter que se esconder dos públicos afectos. É ela que cozinha para ele. É ela que ouve a sua chave na porta ao final do dia e o vê descalço pela casa, com a intimidade suposta. É ela que se arroga dele. É ela que lhe grita e que o inferniza, sem medo que ele não regresse mais. É ela que não tem que ser perfeita, pois não lhe é exigida perfeição. É ela que o vê negro e menos belo. Pois ele mostra-se a ela negro e menos belo.
Foi ela que lhe deu filhos e que partilhou com ele os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras conquistas. Foi ela que lhe ofereceu um pedaço da continuação deles. Ela perdurou-o e guardou-o no seu ventre, devolvendo-lhe em dobro o que ele plantou.
Foi ela que o teve sempre, mesmo quando ele estava nos meus braços, mesmo quando eu julgava estar na posse do melhor dele, dos recantos que mais ninguém conhecia, era ela que o tinha sempre. Eu nunca pude pensar em Sempre.
Com ele nunca pude ser imperfeita, nem quotidiana. Com ele nunca partilhei abraços públicos. Apenas olhares furtivos e pernas entrelaçadas debaixo da mesa.
Com ele nunca fui como ela foi. Nunca consegui deixar de amá-lo, pois nunca tivemos lados negros, nem desgastes de rotina.
Ele imaginava-me tudo o que queria e eu correspondia, mesmo sabendo que não o era de todo. Deixava-o pensar-me assim, como se pensa e se interpreta uma pintura que não se move, sem vida. Mas eu nunca fui a mulher fantástica que representava.
Aquela puta tinha o quotidiano e eu chorei pelo quotidiano que não tive. Aquela puta queria o que eu tinha, queria o lado dele intempestivo, criador, mágico, sublime e eu queria as torradas com manteiga e o pequeno-almoço a dois.
Aquela puta pôde chorar o seu corpo inerte, pôde velá-lo e tocar o seu rosto frio e plácido pela última vez. Aquela puta pôde, enfim, encerrá-lo.
Eu não pude. Não escutei a terra sobre o caixão de pinho, não fui consolada, nem abraçada, nem beijada pela minha perda, pois a perda foi dela. Apenas dela. Ela é que era dele.
Apenas ele sabia de mim. Apenas ele poderia imaginar o que seria perdê-lo, apenas ele poderia consolar-me pela sua própria perda, mas ele não está mais aqui para me limpar as lágrimas e eu choro por aquela puta e por mim.
Choro.Ana C.http://www.blogger.com/profile/05357427699826525462noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-76170084534914579362012-04-09T12:59:00.001+01:002012-04-09T13:40:58.044+01:00Mais de Corpo que de Alma- Eu nunca fiz isto antes.<br />- O quê, foder?<br />- Parvo.<br />Ele afasta a pequena mecha de franja que lhe cobre o olhar e sorri.<br />- Desculpa. O que é que nunca fizeste antes?<br />- Conhecer um homem ao jantar e acordar com ele para o pequeno-almoço.<br />- E?<br />Ele beija-a sem a brusquidão da noite anterior. É um beijo novo, renovado pela manhã de sol que entra pela janela dentro.<br />- E tenho a cabeça a mil. Fiz bem, fiz mal, vou-me arrepender, vou bater com a cabeça nas paredes. Vais-me ligar, não me vais ligar, gostaste, odiaste. No fundo, no fundo, achaste que tenho as mamas demasiado pequenas, o rabo flácido e…<br />- Falas sempre tanto?<br />- Que sou uma chata do caraças. Falo pelos cotovelos, ou fico completamente muda. Enfim, vais-me achar esquizofrénica, vais sair por aquela porta e nunca mais vais pensar na nossa noite.<br />- Qual é o mal das mamas pequenas?<br />- Fazes parte dos 3% da população masculina que não gosta de mamas até aos joelhos?<br />Ele passa a mão ao de leve sobre os lábios dela e desce até aos dois pequenos seios, firmes e espetados na sua direcção.<br />- Gosto das tuas.<br />Ela sorri. Ele sorri.<br />- Chega-te?<br />- Chega-me. Sou estupidamente pouco exigente. A cada ano que passa, baixo a fasquia.<br />- Por isso é que acabaste na cama comigo.<br />Ela olha aquele homem pouco musculado, não muito alto, com a pele demasiado branca pela falta de sol e acha que, de alguma estranha forma, ali tudo é equilíbrio. Os imensos olhos castanhos, a boca rasgada e os dentes perfeitos, compensam o nariz finamente espartano. O tom da sua voz enche todo o espaço que sobra entre eles e até o seu hálito quente, com o resto do vinho da noite anterior, é estranhamente agradável. <br />Ela roda na cama e coloca-se sobre ele, envolvendo-o com todo o seu corpo. Ficam abraçados, imóveis, sentindo apenas o que é de um e o que é do outro. O telefone toca na sala. Ela não ousa mover-se. Sente-se dona daquele momento. Ele fecha os olhos e deixa-se ficar sob o cheiro, por dentro do calor daquela mulher comum, que transformou a sua noite numa rajada de emoções que desconhecia.<br />- Gosto do teu cheiro.<br />- Também gosto do teu.<br />Beijam-se e olham-se de novo, como se quisessem gravar-se na memória um do outro para sempre.<br />Ele empurra-a com suavidade, na direcção do lençol amarrotado e quente e procura-a por dentro.<br />Os beijos prosseguem, nem depressa, nem devagar. Ao ritmo que tem que ser. Não há ainda amor, nem nada de profundo. Mas há a possibilidade. Há tudo o que poderá ser e que eles esperam que seja.<br />Ela sussurra-lhe ao ouvido:<br />- Eu fico com o teu número…<br />- Porquê?<br />- Não quero ficar à espera que me ligues.<br />- Combinado…<br />Mas um som cavo e inconfundível toma conta daquela pequena divisão iluminada. Um som que não podem fingir não ter escutado. O último som que ela desejava ouvir tão cedo.<br />- Foste tu que te peidaste?Ana C.http://www.blogger.com/profile/05357427699826525462noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-11587044376202856982011-07-18T14:01:00.007+01:002011-07-18T14:35:27.732+01:0024 horas3.45<br />O telefone tocou.<br />O relógio dizia que era de madrugada e ele soube que não era uma boa notícia. Carregou no minúsculo botão do telemóvel e esperou um acidente, uma morte, uma tragédia<br />Do outro lado uma voz transpirada murmurou-lhe que tinha um dia. Vinte e quatro horas para tentar modificar todos os dias atrás de si.<br />"Quais dias? Modificar o quê? Para quê?"<br />O silêncio revelou o final da chamada e ele tremeu.<br />3.52<br />Sentou-se na cama, suado, gelado, trémulo e reviu folha por folha, capítulo por capítulo, as páginas da sua vida até então.Ana C.http://www.blogger.com/profile/05357427699826525462noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-83657548279791231032010-06-07T22:25:00.004+01:002010-06-07T22:47:13.400+01:00O Inverno e a Aldeia.<div align="justify">-JOANA! JOANA! ONDE ESTÁS??</div><div align="justify">Júlio corria desesperado pelas sombras de S. Vicente enquanto procurava pela casa de Joana. Apercebia-se de vultos que se escondiam nas sombras das esquinas e atrás das cortinas das janelas mas já nada temia. O seu coração empurrava-o para Joana. Encontrou a casa, finalmente. Entrou devagar, cuidadoso, não porque temesse algo mas porque queria apanhar quem quer que fosse que tivesse ousado tocar num só fio de cabelo da sua amada. Retesou os músculos quando viu um vulto <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-corrected">curvado</span> no chão, como se tentasse esconder-se mas deixando ver uma espécie de arma. Um bastão ou uma catana. Entrou de rompante e pontapeou fortemente o vulto agachado.</div><div align="justify">-FILHO DE UMA <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">PUTA</span> <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">SARNENTA</span>! ONDE <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">EST</span>.... Padre?! Oh meu <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">deus</span>, Padre?!?!?!</div><div align="justify">Júlio não acreditava no que estava perante si. O Padre arrefecia as pedras do chão com um crucifixo trespassando-lhe o peito. Branco, vazio, morto.</div><div align="justify">-Padre, padre, padre!!! JOANA! JOANA!</div><div align="justify">Júlio gritava pelo nome da sua mulher enquanto subia desastradamente as escadas.</div><div align="justify">-JOANA!! <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">Joa</span>... Não, por favor não. Deus meu Joana.... </div><div align="justify">Ajoelhou-se perante o cadáver mutilado da sua Joana. Acariciou docemente a sua face que lhe gelou as mãos. As lágrimas que lhe molhavam a face estavam elas próprias geladas. Pegou-lhe nas mãos e afagou os golpes fundos nos seus pulsos. A barriga vazia de Joana denunciava o destino do filho de ambos. Como um autómato, Júlio percorreu todo o corpo de Joana, afastou-lhe as pernas. O fio da vida que saía de dentro dela estava <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-corrected">rasgado</span>. Como se tivesse sido mordido por um animal selvagem esfomeado. O sangue coagulado pegava-se a ele, ás suas mãos, infiltrava-se nas suas unhas, na sua face. O cheiro metálico do sangue em <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">decomposição</span> entrou pelo seu nariz, pelos seus poros e atingiu-o finalmente. Júlio não pode conter um vómito que largou num canto. Estava desesperado. O seu amor morto, o seu filho morto ou pior... não havia já esperança naquele coração. Até que...</div><div align="justify">O inconfundível choro de uma criança iluminou o seu coração, deu força aos seus músculos, iluminou a sala. Num salto Júlio desceu as escadas mesmo a tempo de ver um vulto curvado dobrando a esquina. Correu atrás dele.</div><div align="justify">-ANIMAL IMUNDO! VAIS MORRER PELAS MINHAS PRÓPRIAS MÃOS! PÁRA! DEVOLVE O MEU FILHO!!</div><div align="justify">O vulto desapareceu nas sombras e Júlio parou no meio do caminho. Dobrou-se e apanhou um objecto perdido pelo fugitivo: uma adaga brilhante, <span id="SPELLING_ERROR_8" class="blsp-spelling-error">ensanguentada</span>.</div><div align="justify">_Quem com ferros mata, com ferros morre, filha da <span id="SPELLING_ERROR_9" class="blsp-spelling-error">puta</span> bastardo de uma égua... </div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-11444993247907689192010-06-02T21:19:00.004+01:002010-06-02T21:42:53.811+01:00O Inverno e a Aldeia.<div align="justify">O estrondo da porta <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">transfigurou</span> o Padre, branco de terror, de medo, mas de excitação não contida e de sede de sangue. O mesmo sangue que fugia do corpo de Joana, ela também <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">baça</span> de cor e de vida. Agarrava a sua barriga com as mãos brotando sangue e com sangue era baptizado o seu filho, agora a sufocar sem o sangue vital da sua mãe. Um urro quase animal ressoa nas <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">fragéis</span> paredes daquela maldita casa...</div><div align="justify">"MONSTRO!!! UM DE NÓS MORRERÁ ESTA NOITE!!!</div><div align="justify">Um grito lancinante rasgou as entranhas da Joana que, deitada no chão, as pernas afastadas, agarrava-se aos joelhos. A dor <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">transfigurava</span>-a. Alberto optou por ignorar os gritos do vulto que pontapeava o escuro no andar de baixo. Ajoelhou-se frente a Joana e viu. O bebé vinha a caminho.</div><div align="justify">"Pai Nosso que estás no céu, santificado seja o nosso nome. Filho de Satanás, filho das sombras é chegada a tua hora.... NÃO PASSARÁS!!!!" </div><div align="justify">Elevou a adaga <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">ensanguentada</span> "Com o sangue da <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">puta</span> da tua mãe morrerás..." os murmúrios invadiam as <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-corrected">sombras</span>, ele podia ouvi-los. Susteve a <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-corrected">respiração</span> e...</div><div align="justify">"MORRE CABRÃO!!!" o vulto <span id="SPELLING_ERROR_8" class="blsp-spelling-error">materializara</span>-se sobre ele. Sentiu o peso de um homem em cima dele e rebolaram pelo chão que rangia desesperadamente. Debateu-se o padre como pode face a um monstro que desaparecia nas sombras. Esbracejava na esperança de acertar no vento. Sentiu um murro na face e depois um pontapé na cabeça. Sucumbiu rapidamente. Voltou-se para cima, um olho já fechado pelo sangue e viu o homem que o atacara, sujo, magro, ofegante...</div><div align="justify">"Tu... não sabes o que fazes... perdoo-te meu filho..."</div><div align="justify">Um pontapé em cheio no crucifixo que jazia no peito do padre fez ceder o frágil soalho. Alberto caiu com estrondo no chão de pedra. A cruz de <span id="SPELLING_ERROR_9" class="blsp-spelling-error">cristo</span> em cima da mesa trespassara-lhe o coração.</div><div align="justify">"Com Cristo morres cão sarnento."</div><div align="justify">Joaquim aproximou-se de Joana que contraía o abdómen, esvaída de sangue e de forças.</div><div align="justify">"Joaquim? És tu homem..."</div><div align="justify">"Sim, sou eu. Andei perdido sem saber quem era mas agora aqui estou."</div><div align="justify">"O meu filho?"</div><div align="justify">"Tomarei conta dele."</div><div align="justify">Joana respirou fundo e, enquanto gritava do fundo de si, expulsava do seu ventre o seu filho. Joaquim segurou no menino, limpou-o. Agarrou no cordão que alimentava ainda o bebé e cortou-o com os próprios dentes. O bebé chorava e Joaquim também.</div><div align="justify">"És o nosso salvador..."</div><div align="justify">Joana jazia, morta. </div><div align="justify">Júlio entrava na aldeia, vazia.</div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-47782224317353977002010-06-01T23:44:00.000+01:002010-06-01T23:45:26.961+01:00O Miguel CorreCorre, corre, corre, corre, corre, corre e não escreve nada...Ana C.http://www.blogger.com/profile/05357427699826525462noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-70646377394187663522010-05-29T22:53:00.007+01:002010-05-29T23:10:27.181+01:00O Inverno e a Aldeia 27- Escute Sr. Prior, escute. Consegue ouvi-los? - A voz de Joana não passava de um segredo ao ouvido do padre que se arrepiou até ao mais intimo de si.<br />- Do que é que falas Joana? Nada oiço. - Levou a mão à pequena adaga apertando-a com força enquanto proferia uma oração interior.<br />- As vozes, agora ainda sussurram, mas em breve serão gritos. O que é que eles querem de mim, porquê eu? Porquê?<br />Sem parar de rezar, Alberto segurou os dois pulsos de Joana, perante o horror desta e desferiu dois golpes bem fundos em cada um deles.<br />- Desapodera-te desta alma e desta aldeia tu que negro vestes, que negro és e que todas as línguas falas.<br />- O que é que me faz Padre?! - A expressão de choque dela deixava Alberto cada vez mais ansioso, mas não podia hesitar, não agora. E sem ter tempo de proferir uma oração golpeou novamente os pulsos da jovem desenhando uma cruz de sangue sobre a pele pálida.<br />Joana caiu de joelhos no chão, trémula, sem forças e no exacto momento em que a madeira sob o seu corpo range vergada ao peso, o Prior escuta os cânticos. Olha-a transido de terror, do olhar dela apenas a alma que lhe foge do corpo. <br />- Não mentias então? - Precipita-se para a janela, mas antes de conseguir enxergar o que quer que fosse um estrondo imenso toma conta de toda a divisão, alguém forçara a porta e entrara demolidoramente. Alguém que a escuridão não deixava ver...Ana C.http://www.blogger.com/profile/05357427699826525462noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-29001575540003744772010-05-24T23:53:00.001+01:002010-05-24T23:54:38.894+01:00Promessa (não eleitoral).<div align="justify">Eu prometo, prometo mesmo que vou avançar sozinho com este blog! Já que as minhas colegas de escrita não se chegam à frente...</div><div align="justify">É que é uma tremenda falta de respeito para com os nossos leitores, não é Nuvem?</div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-80155322206805050502010-03-27T08:41:00.000+00:002010-03-27T08:42:00.911+00:00Turno da Noite - Allexa- Disk Amizade Ou Algo Mais, tem dois minutos gratuitos, fala a Allexa.<br />- <span style="font-style:italic;">Para continuar, prima 2 para dar dados do cartão de crédito </span><br />- O-Olá... <br />- Olá, meu chuchu. Com quem estou a falar?<br />- Com o... c-com...<br />- Relaxa, querido. A linha é segura, a chamada não vem discriminada na conta, a tua mulher nunca vai...<br />- Não! Não... Não há mulher.<br />- <span style="font-style:italic;">Favor premir 2 para dar cartão de crédito ou chamada será terminada em</span><br />- Como é que um chuchu com uma voz assim não casou ainda?<br />- Não... Não é assim, não é nada disso. Não é por ela...<br />- Ahh, então há uma Ela. Ela deixou-te carente, chuchu...<br />- Não, não, não. Ela é perfeita. Ela é melhor do que tu.<br />- Não precisa ofender a Allexa. Então porque estás tão nervoso? Relaxa, meu bem, queres que a Allexa conte uma "historinha relaxante"?<br />- Chamas-te mesmo Allexa?<br />- <span style="font-style:italic;">Premir 2 para dar dados do cartão de crédito</span><br />- Se preferires outro nome... Mas tens de dar os dados do cartão de crédito primeiro, chuchu.<br />- <span style="font-style:italic;">Favor dar dados do...</span><br />- Ela chamava-se Helena. Helena, como a Helena de Tróia... <br />- Se deres o cartão de crédito, também eu posso ser a Helena, chuchu.<br />- Não! <br />(pequena pausa)<br />- Chuchu? <br />- Era linda, a Helena. <br />- E o que a Helena te fazia que deixou tanta saudade? Olha que a Allexa faz milagres pelo telefone, mas precisa do teu...<br />- Eu não liguei para isso. <br />- Paga e os minutos são todos teus, chuchu.<br />(Ouvem-se passos sobre chão de madeira do outro lado da linha)<br />- Vocês sabem tudo, não sabem? Assim... Se é Amizade ou Algo Mais, posso pedir o Algo Mais.<br />- A 1,80 por minuto, és o dono da Allexa. Mas primeiro...<br />- <span style="font-style:italic;">Favor premir 2 para dar dados do cartão de crédito</span> <br />- Então quero o Algo Mais.<br />- O que é que queres, chuchu? <br />- Quero saber como me livro da Helena.<br />- Ora essa, chuchu, diz que te apaixonaste aqui pela Allexa. Não há comparação...<br />- Não, puta de merda! Quero saber como me livro, COMO ME LIVRO da Helena!<br />(pausa súbita. Operadora chama gerente de turno com um sinal de dedos e pede-lhe para pôr os headsets. As duas ouvem)<br />- Onde está a Helena, chuchu?<br />(Gerente e operadora entreolham-se. A respiração do outro lado é forte e ritmada, em gestão de esforço)<br />- No... no sofá...<br />- A... A Helena está a ouvir esta conversa?<br />(risos do outro lado)<br />- Duvido. Quer dizer, e daí...<br />- Porque é que ligaste para o Disk Amizade Ou Algo Mais?<br />- Para saber como me livro...<br />- Eu sei, eu sei. <br />- <span style="font-style:italic;">Esta chamada será interrompida por falta de provisão</span><br />- ... Não, não sabes, porra, porque se soubesses, já tinhas dito, vaca de merda. Porque a Helena está ali, no sofá, e não se mexe, não respira, <br />e está com uma cor estranha, e não é do blush nem do caralho do autobronzeador ou essas merdas que vocês, putas, usam, é porque... <br />(cai ligação. O terminal telefónico volta a piscar, há outra chamada em linha.)Melissahttp://www.blogger.com/profile/18202737288608170635noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-89918444418620451152010-03-08T18:54:00.002+00:002010-03-08T19:17:17.305+00:00<div align="justify">Sandra regressou ao seu local de trabalho. Os olhos molhados, a voz embargada. Lutou contra si mesma até ao momento em que saiu do edifício. O ar frio da noite e o silêncio do parque de estacionamento receberam as suas lágrimas num silêncio indiferente. Sentia-se humilhada, rejeitada, gozada. Sentia-se uma <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">puta</span>. Entrou no carro e ligou o rádio, pegou no telefone. </div><div align="justify">-<em>Olá amiga! </em>uma voz bem-disposta recebeu a chamada de Sandra <em>-O que se passa? Estás a chorar??</em></div><div align="justify"><em>-Ele... ele... recusou-me... </em>Sandra chorava abundantemente agora.</div><div align="justify"><em>-Onde estás? No <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">call</span>? Vou já para aí!</em></div><div align="justify">Margarida era a melhor amiga de Sandra. Entrou no carro e abraçou a amiga. Começou a chover. Ficaram ali sentadas durante largos minutos. Sandra a chorar e Margarida a consolar. A chuva <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-corrected">aumentava</span> e Sandra parava, como se as suas lágrimas fossem agora a chuva que caía intensamente.</div><div align="justify">-<em>Sinto-me uma <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">puta</span>...</em></div><div align="justify"><em>-Não sejas parva! Ele é que é estúpido.</em></div><div align="justify"><em>-Não imaginas como me senti... ajoelhada, em frente a ele, pronta... e ele levanta-se e vai-se embora?? <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">Foda</span>-se... sou uma <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">puta</span>.</em></div><div align="justify"><em>-Sandra. Detesto dizer-to mas... o que estavas à espera? Já sabes que ele está indeciso e confuso! Já sabes que ele é casado e que não tem tomates para deixar a mulher... não podes ser tão insistente! O que aconteceu à Sandra sedutora e subtil?</em></div><div align="justify"><em>-Não imaginas como ele me faz sentir... fico arrepiada só de o ver, fico tensa, contraída, húmida... e nem sei porquê! Estúpida...</em></div><div align="justify"><em>-Ora amiga...</em></div><div align="justify"><em>-E o pior é que ele me quer! EU SEI QUE ELE ME QUER!! Eu sinto-o. Sei que ele adora tocar-me <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-corrected">subtilmente</span> na cintura, nos braços, no cabelo. Sei que ele adora cheirar-me e aproximar-se, sei que olha para o meu rabo quando me afasto. E sei que ele me quer, sei-o porque o tive nas minhas mãos e, acredita amiga!, ele quer-me tanto como eu a ele!! </em>Sandra riu-se, aliviada.</div><div align="justify"><em>-Ouve Sandra. Ele é casado, tem um filho....</em></div><div align="justify"><em>-Um casamento acabado, é o que é!</em></div><div align="justify"><em>-Um casamento acabado continua a ser um casamento! Tens que lhe dar tempo, dar-lhe espaço. Aproximar-te devagar e avançar quando for a altura. Assim só o confundes mais... se fores para a cama com ele agora e ele se divorciar depois, a culpa do divórcio será sempre tua! Mesmo que o casamento já esteja acabado, serás sempre "a outra"! </em></div><div align="justify"><em>-Mas é tão estranho... ele dá-me montes de dicas e convida-me para o café naquela sala escura... acaricia-me as costas e as ancas e massaja-me enquanto falamos... e depois eu fico louca e só o quero provar e mete-lo dentro de mim... e ele acobarda-se no último momento! Cabrão!</em></div><div align="justify"><em>-Ouve, vamos beber uns copos e conhecer uns gajos como deve ser?</em></div><div align="justify"><em>-Os copos pode ser, mas não quero nada com gajos hoje!!!</em></div><div align="justify">Riram-se. Sandra limpou as lágrimas, retocou a <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">maquiagem</span> e arrancaram.</div><div align="justify"><em></em> </div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-16928724318834730562010-03-03T19:44:00.007+00:002010-03-03T20:10:22.164+00:00<div align="justify">Daniel saiu batendo a porta atrás de si. Sentia-se frustrado, agredido, insultado, <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">injustiçado</span>. Acima de tudo <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">injustiçado</span>. <em>Mas que grande merda... <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">foda</span>-se. Um gajo mata-se a trabalhar, 12, 13, 14 horas para que nada falte em casa. Estou com o meu filho e ajudo nas tarefas... <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">puta</span> que pariu! E ela vem com a merda da conversa da <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">puta</span> da tampa da sanita... estou mesmo cansado. Mesmo. </em>Transferia toda a raiva que sentia naquele momento para o volante do carro e para os condutores menos avisados ou cuidadosos que se cruzavam com ele. Não sabia para onde ia mas logo se apercebeu que estava à porta do <em><span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">call</span>-<span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-error">center</span></em>. Inconscientemente dirigiu-se para um lugar onde as pessoas o estimavam e gostavam dele e, acima de tudo, não lhe chateavam a cabeça. Instintivamente olhou para o lugar normalmente ocupado por Sandra. Ela lá estava, os seus saltos altos, as unhas impecavelmente arranjadas, as calças de ganga justas e a blusa larga e decotada. Mesmo com os auscultadores do telefone na cabeça a sensualidade dela preenchia toda a sala. Os seus olhares cruzaram-se e ela sorriu-lhe. Ele levou os dedos à boca simulando que tomava um café. O convite estava feito.</div><div align="justify"><em>"O que é que estou aqui a fazer? E porque raio fui convida-la para tomar café? Ainda arranjo lenha para me queimar, é o que é... Mas caramba! Se eu desse uma <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">queca</span> nesta gaja era bem feito para a Leonor! Sempre a criticar, sempre a insinuar que... se ela soubesse das intenções desta bem que se passava</em>..." Estes e outros pensamentos corriam-lhe pela mente quando Sandra entrou enchendo o ar com o seu agradável aroma de sempre...</div><div align="justify"><em>-<span id="SPELLING_ERROR_8" class="blsp-spelling-error">Oi</span> <span id="SPELLING_ERROR_9" class="blsp-spelling-error">bonitão</span>! Que fazes por aqui?</em> (sentou-se ligeiramente debruçada mostrando o seu enorme decote)</div><div align="justify"><em>-Ora... vim tomar um café! Sempre são mais baratos!</em></div><div align="justify"><em>-Por falar em café! Não chegaste a responder ao meu convite...</em></div><div align="justify"><em>-Oh, desculpa... estava com a Leonor e o Sam...</em></div><div align="justify"><em>-Pois... mas estás sempre com eles? Bem podias ter algum tempo para ti...</em></div><div align="justify"><em>-São e minha família. Se não estiver com eles, estarei com quem?</em></div><div align="justify"><em>-<span id="SPELLING_ERROR_10" class="blsp-spelling-error">Hmmm</span>, comigo por exemplo... não é por falta de convites...</em></div><div align="justify"><em>-Não é por falta de vontade... </em></div><div align="justify">Aquelas palavras saíram-lhe fora do controlo. Sandra percebeu a sua oportunidade. Levantou-se e sentou-se ao seu colo. Olhos nos olhos, beijou-o. Avidamente meteu a sua língua na boca dele, puxou-o contra si e comprimiu todo o seu corpo no dele. Daniel resistiu timidamente de início mas depois devolveu o beijo e a língua. As suas mãos percorreram o corpo dela, tentando perceber se a sua imaginação estava correcta. Estava. A pele dela era mais macia, o seu rabo mais firme a os seus seios eram melhores do que tudo o que ele já tinha imaginado. E o cheiro! Por <span id="SPELLING_ERROR_11" class="blsp-spelling-error">deus</span>, o cheiro dela era tão mais intenso! Parecia que aquele odor o envolvia e o inebriava. Ele estava em todo lado, nos cabelos, nas mãos, na nuca dela. Ela desapertou-lhe as calças e agarrou-lhe firmemente o pénis. Daniel estava pronto! E como. Ela sorriu <span id="SPELLING_ERROR_12" class="blsp-spelling-error">maliciosamente</span> e deslizou por ele, ajoelhando-se. Depois beijou-o...</div><div align="justify"><em>-Não, não, não , não....</em> Daniel afastou-se docemente enquanto se levantava e abotoava as calças.</div><div align="justify"><em>-Não? Estás louco?! O que mais queres? Que ta amarre? </em>Sem nunca o dizer, Sandra sentia-se humilhada por Daniel.</div><div align="justify"><em>-Desculpa Sandra. Eu quero, juro que quero muito mas... não posso. Leonor, Samuel... seria incapaz de viver com isso.</em></div><div align="justify"></div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-58555480232528594672010-02-15T21:19:00.002+00:002010-02-15T21:36:12.359+00:00<div align="justify">-Mas o que se passa contigo hoje que andas a arrastar-te pelos cantos da casa?</div><div align="justify">Leonor já tinha dado sinais de impaciência e rebentava finalmente</div><div align="justify">-Não se passa nada... estou cansado.</div><div align="justify">Respondeu Daniel enquanto passava os olhos pelo <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">Facebook</span> pela <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">enésima</span> vez.</div><div align="justify">-Cansado do quê? Do trabalho? Tens estado o dia todo em frente à porcaria do computador e eu tenho andado aqui a arrumar a casa, a fazer máquinas de lavar a limpar a porcaria das sanitas... Olha, já agora, vê lá se baixas o tampo quando acabas <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">ok</span>?</div><div align="justify">-Sempre a mesma conversa!! Irra, qual é a dificuldade de baixar a porcaria do tampo?!?</div><div align="justify">-Exactamente. Não é nenhuma, por isso...</div><div align="justify">-Não sejas <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">chatinha</span>...</div><div align="justify">-<span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">CHATINHA</span>? Ontem não achaste que fui chata, quando chegaste... deve ser por isso que <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-corrected">estás</span> <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-error">tãããão</span> <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">cansadinho</span>!</div><div align="justify">-Pronto, lá vem a ameaça do costume...</div><div align="justify">-Qual ameaça?</div><div align="justify">- Acaba-se o sexo e <span id="SPELLING_ERROR_8" class="blsp-spelling-error">blá</span> <span id="SPELLING_ERROR_9" class="blsp-spelling-error">blá</span> <span id="SPELLING_ERROR_10" class="blsp-spelling-error">blá</span>...</div><div align="justify">-Olha! Se não for eu a avançar tu bem que chegas e adormeces!</div><div align="justify">-Mal feito fora...</div><div align="justify">-O que queres dizer com isso?</div><div align="justify">-Nada.</div><div align="justify">-Nada? Nada? Pois podes crer que a partir de hoje bem podes adormecer as noites que quiseres meu menino!</div><div align="justify">-Sim. Não te chateies com isso que eu também não.</div><div align="justify">-QUE MERDA Daniel!! </div><div align="justify">Leonor estava a perder a calma.</div><div align="justify">-Garanto-te, GARANTO que não te chateio mais com as minhas necessidades sexuais!!</div><div align="justify">-Leonor... essa ameaça não pega. Sexo posso encontrar fora de casa. Com a <span id="SPELLING_ERROR_11" class="blsp-spelling-corrected">maior</span> das facilidades...</div><div align="justify">A frieza daquelas palavras, ditas com a indiferença de um estranho atingiram o coração de Leonor.</div><div align="justify">-Andas a comer por fora? Andas meu <span id="SPELLING_ERROR_12" class="blsp-spelling-error">sacana</span>?</div><div align="justify">-Estás louca?!!</div><div align="justify">-É por isso que vais sempre tão contente para o trabalho... e depois vens sempre muito cansado... idiota!</div><div align="justify">-Deixa-te de merdas Leonor! Nunca te traí! E ainda mais agora com <span id="SPELLING_ERROR_13" class="blsp-spelling-corrected">o</span> Samuel...</div><div align="justify">-Só estás comigo por causa do Sam? Mas não estejas! VAI EMBORA!! Cretino...</div><div align="justify">-Vá lá Leonor...</div><div align="justify">Daniel olhava-a agora enquanto ela lutava para conter a torrente de lágrimas que se formava nos seus olhos. E tentava abraçá-la.</div><div align="justify">-Larga-me!! É porque estou a chorar? Fizeste merda e agora vens com <span id="SPELLING_ERROR_14" class="blsp-spelling-error">abracinhos</span>? Deixa-me em paz! SAI DAQUI!!!</div><div align="justify">-Mas...</div><div align="justify">-<span id="SPELLING_ERROR_15" class="blsp-spelling-error">SAIIIIIII</span>!!</div><div align="justify">Daniel pegou nas suas coisas e saiu porta fora, deixando Leonor entregue ás lágrimas e ao chocolate.</div><div align="justify"> </div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-51636171743274198572010-02-10T22:27:00.003+00:002010-02-10T22:40:56.485+00:00<div align="justify">Daniel chegou a casa já tarde. As luzes apagadas indicavam que já ninguém estava acordado. Entrou silenciosamente e deixou-se guiar apenas pelas luzes que vinham da rua. Comeu qualquer coisa na cozinha e foi deitar-se. Passou pelo quarto de Samuel, o seu filho de 3 anos. Ele dormia calmo e sereno. Beijou-o ao de leve e foi para o seu quarto. Leonor dormia calmamente quando ele se deitou ao seu lado e lhe beijou a face. Daniel considerava isso uma espécie de ritual, beijar a face da sua mulher mesmo que ele estivesse a dormir. Ela virou-se para ele e, ainda de olhos fechados disse:</div><div align="justify">-Olá meu amor... estás bem?</div><div align="justify">-Um pouco cansado. </div><div align="justify">-<span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">Concerteza</span> que ainda tens um pouco de energia para mim... </div><div align="justify">Dizia ela enquanto lhe acariciava o peito e o beijava ternamente</div><div align="justify">-Tenho sempre energia para ti minha querida! Mesmo que estivesse morto...</div><div align="justify">Abraçou-a <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-corrected">repentinamente</span> e beijou-a <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">sofregamente</span> enquanto lhe despia o pijama. Ela <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-corrected">retribuía</span> o desejo e despia-lhe os <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">boxers</span> rapidamente. Estavam finalmente nus. Acariciaram-se longamente nas sombras do quarto. Aquela média-luz excitava-o. Leonor ligou a luz da cabeceira mas ele logo a desligou.</div><div align="justify">-Não me queres ver?</div><div align="justify">-Não sejas louca! Assim vejo-te perfeitamente... e é mais excitante!</div><div align="justify">Ele sentia-a pronta e penetrou-a devagar. Ele gemia baixinho e pedia mais, mais fundo. Ele acedeu e aumentou o ritmo. Contudo, sem que ele o pudesse prever ou evitar, a imagem de Sandra surgia-lhe na mente. Lutou para a afastar mas ela lá ficou, a um canto da mente como uma observadora excitada. Concentrou-se e cumpriu o seu papel. Leonor veio-se primeiro, num orgasmo longo e forte. Daniel fazia questão disso mesmo. Que Leonor fosse sempre a primeira a vir-se. Depois ele, com calma, prolongando o prazer dela, veio-se. Beijaram-se olhando-se nos olhos enquanto se abraçavam. </div><div align="justify">-Amo-te.</div><div align="justify">-Também te amo.</div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-67782442811401956552010-02-01T21:31:00.002+00:002010-02-01T21:57:44.619+00:00<div align="justify">Daniel deixou Eduardo na esplanada. Afinal era um final de tarde de verão junto ao mar e Eduardo queria continuar a "<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">micar</span> as miúdas", como ele próprio gostava de dizer. Eles eram amigos desde sempre. Eduardo o aventureiro impulsivo e Daniel o cuidadoso, o ponderado, aquele que os tirava dos sarilhos que Eduardo arranjava. Tinham discutido muito acerca da decisão de Daniel em não ter respondido à mensagem de Sandra. Enquanto se dirigia para o trabalho, o seu carro serviu como uma bolha que o isolou do resto do mundo.</div><div align="justify">"Devia ter aceite. Afinal, seria só um café, que mal é que isso tem. Um café entre dois colegas de trabalho. Porra! Perdi uma oportunidade única! Afinal, não é todos os dias que encontramos uma mulher daquelas disposta a ir para a cama connosco. Disso tenho a certeza. A gaja quer..."</div><div align="justify">A partir daqui a sua mente foi invadida pela imagem de Sandra a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">bambolear</span> pelo <em><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">call</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">center</span></em> nos seus saltos de agulha de 10cm. As suas narinas enchiam-se com aquele odor subtilmente imposto que ela tão bem dominava, quase podia sentir a suavidade do seu cabelo. Mais uma vez se dava conta que este simples pensamento fazia crescer o seu desejo, a sua vontade, a sua masculinidade. </div><div align="justify">"Merda, merda, merda! Deixa-te de merdas Daniel! Com uma gaja do trabalho nunca! Os sarilhos que poderias arranjar... e depois a gaja deve querer mais que uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">quequa</span> ou duas. As gajas nunca querem só dar umas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">quequas</span>. Não. Não posso." Sabia que não a ia encontrar no trabalho. Quase como um reflexo, a primeira coisa que fazia quando chegava era consultar a escala dos operadores de chamadas e procurar o nome dela. A excitação tomava conta dele se os seus turnos coincidiam. Sentia-se aliviado por não ter que lhe justificar a razão de ter ignorado o seu convite mas, por outro lado sentia-se desapontado por não a poder ver. O seu corpo sentia-se desapontado. Era como se ela fosse uma droga que lhe despertasse os sentidos. Acima de tudo estimulava-lhe o desejo. A sua mente desenhava cenários de sexo desenfreado nos vários locais do trabalho: em cima da sua secretária, na casa de banho, no quarto escuro. Ela, pura e simplesmente <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">desconcertava</span>-o! Todo o seu ser o empurrava para junto dela, para a sua unidade de trabalho, inventava pretextos para lhe falar, para se aproximar dela e cheirar o seu cabelo, para gentilmente lhe pousar a mão no ombro enquanto lhe ditava instruções desnecessárias. O seu momento <em><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">zen</span></em> acontecia quando ela o convidava para um café após o jantar. E ficava furioso se ela não o fazia, preferindo a companhia de outras colegas. Estava completamente apanhado. "Daniel, Daniel... não comeces com ideias." <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">babulciava</span> de si para si quando ela o provocava. "Controla-te. És o chefe dela, não podes simplesmente dar-lhe uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">queca</span> no teu gabinete e esperar que ninguém descubra! Afinal, tudo se sabe neste ninho de víboras!". </div><div align="justify">Mas ele deixava-a avançar sempre mais um pouco. No seu íntimo ele queria estar com ela e ela sabia-o. Num corredor vazio onde estava a máquina do café, ela colocou a mão no peito dele. AO de leve mas o suficiente para o acariciar subtilmente. Depois avançou pelo abdómen descendo e terminando o seu caminho no cinto dele. Apoiou a mão no cinto dele como se fosse a coisa mais natural do mundo, um sorriso na face, os olhos expressivamente a convidar. Largou-a e enfiou-se no WC. Masturbou-se <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">energicamente</span> e veio-se rápido. Arrependeu-se. "Bolas. Pareces um miúdo com as <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">putas</span> das hormonas ao saltos! <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">Foda</span>-se." Limpou-se e saiu, arrependido e com a ligeira sensação que ela sabia o que ele tinha acabado de fazer. </div><div align="justify">Alguém o chamou,</div><div align="justify">-Daniel, tem uma chamada em espera na linha 1.</div><div align="justify">-Quem é?</div><div align="justify">-A sua esposa.</div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-1878534625075917362010-01-30T08:12:00.002+00:002010-01-30T08:16:05.890+00:00"estou na costa. vens beber um café cmg?"<br />-Merda! Esta gaja agora...<br />-Um SMS da Sandra?! Meu! Ela está aqui!! Diz-lhe que sim, vá!!<br />-Estás louco. Não.<br />-Qual é a tua meu? Ela está mesmo a pedir... VAI MEU, responde-lhe que sim!<br />-Não.<br />-Foda-se. Vou mesmo deixar de te falar...Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-22143252217370312082010-01-29T21:46:00.005+00:002010-01-29T22:37:49.611+00:00<div align="justify">Quando se aproximou da esplanada já Eduardo estava calmamente sentado, observando quem passava no novo <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">estradão</span> da Costa. Todo ele era <em><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">coolness</span>! </em>O cabelo bem aparado quase do tamanho da barba bem trabalhada. Os seus inseparáveis óculos de sol <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">XXL</span> (que ele afirmava usar porque "as miúdas curtem" mas que na verdade serviam para esconder os seus olhos demasiado pequenos!), calções pelo joelho e as havaianas brancas eram a sua imagem de marca durante o verão. Mantinha aquela pinta de rufia desde sempre e era essa a sua principal arma nas suas conquistas!</div><div align="justify">-Desculpa o atraso..</div><div align="justify">-Qual é meu! Sem <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">stress</span>. Tenho estado aqui a ver a miúdas... mãe do céu! Adoro o verão por causa disto! O mulherio cheio de calor, os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">tops</span>, as <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">mini</span>-saias. Loucura meu, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">lou</span>-cu-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">ra</span>! É o que te digo.</div><div align="justify">-Nisso tens razão! Já vi bom gado no caminho do carro até aqui! </div><div align="justify">-Por falar em gado... recebeste a minha mensagem?</div><div align="justify">-Claro pá! Conta, conta!!</div><div align="justify">-Ouve, não vais acreditar! Ontem foi aquele <em><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">workshop</span></em> da <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">treta</span> lá do <em><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">callcenter</span></em>. Aquele sobre técnicas de comunicação. Enfim, não tinha vontade nenhuma de ir mas pronto... logo que cheguei topei logo uma tipa lá no fundo da sala. Alta, magra, bem arranjada com umas calças de ganga bem <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">justinhas</span> e um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">top</span> muito básico. Estava sozinha. No intervalo posicionei-me <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">estrategicamente</span> para <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">lher</span> ver o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">rabinho</span>... e que rabo meu! No final tens aquela <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_16">treta</span> de café e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">bolhinhos</span> e a tipa veio falar-me! Nem queria acreditar! Meteu conversa que tinha gostado das minhas intervenções...</div><div align="justify">-Sempre foste um lírico do caraças!</div><div align="justify">-... deixa-me acabar porra! Disse que gostou das minhas intervenções e perguntou qual o centro onde trabalhava e essas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_18">tretas</span>. Notei um sotaque estranho na sua voz mas percebi quando me disso o nome: Marie Claire! Francesa meu!! Fiquei logo em brasa porque dizem que as francesas não perdoam... fiquei estúpido depois quando me disse a idade: 41! <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">Foda</span>-se, 41?!? Eu dava-lhe uns 33! Conversa puxa conversa e ela deu-me as dicas todas! TODAS! Que loucura! Quando me disse que morava ali perto, que dava para ir a pé, arrisquei! Ofereci-me para a levar a casa! E ela aceitou!! Daqui <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20">prá</span> frente, deixo á tua imaginação! Só te digo uma coisa amigo, a partir de hoje olho para as quarentonas com um olhar diferente! Que louca! Não acreditas na concentração que tive de ter para não me vir antes dela meu!!</div><div align="justify">-Não é assim com todas??</div><div align="justify">-Vai pró <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_21">caralhinho</span>. Nunca uma mulher me tinha dado tanto prazer. Arrepio-me só de pensar. Olha só para os meus braços... Marie Claire...</div><div align="justify">-E então? Vão voltar a encontrar-se?</div><div align="justify">-Mas tu estás louco? <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_22">Foda</span>-se, vê-se logo que não dás uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_23">queca</span> há muito tempo meu... isto é uma coisa de uma noite e pronto! Já me conheces...</div><div align="justify">-Pois conheço. Há muitos anos!</div><div align="justify">-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_24">Iá</span>. Há muitos anos... E então a outra lá do trabalho? Aquela Sandra? A gaja anda louca para te papar meu! </div><div align="justify">-És maluco. Anda agora. </div><div align="justify">-Mas que merda meu! Só tu é que não vês! A maneira como ele empina aquele <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_25">rabinho</span> como se dissesse "Come-me", como olha para ti, como está sempre ansiosa que chegues... eu já a topei! Mas tu sempre foste assim. Sem fazeres nada tens sempre uma gaja qualquer a levitar à tua volta! E sempre gajas boas! E tu... nada! Sempre com essa história do amor e da fidelidade! Fieis são os cães... </div><div align="justify">- Já não sei... já não sei se acredito nisso. Vou contar-te uma coisa mas juro-te que te esfolo se falas disto a mais alguém!</div><div align="justify">-O quê?</div><div align="justify">-Ontem à noite fui tomar café com ela na "sala escura"...</div><div align="justify">-...<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_26">UUUI</span> a "sala escura"...</div><div align="justify">-Deixa-em acabar. Fomos tomar café depois do jantar e, quando dei por isso ela estava sentada de costas para mim e eu com uma tesão do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_27">caralho</span> encostado ao <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_28">cú</span> dela, com as mãos nas costas delas, soutien desapertado e com uma vontade do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_29">caralho</span> de lhe apalpar as mamas... por momentos fiquei cego, só queria tirar-lhe as calças (o que não era difícil) e papa-la mesmo ali...</div><div align="justify">-O QUÊ?!!? E não a papaste? </div><div align="justify">-Não. Apertei-lhe o soutien de novo, levantei-me e saímos. Ela não voltou a falar comigo e eu andei de "pau-feito" até ao final do turno.</div><div align="justify">-Que paneleiro meu... ÉS UM MERDAS PÁ!!! Nem sei como sou teu amigo... uma gaja tão boa, ainda por cima a pedi-las... <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_30">foda</span>-se. E quem é que iria saber? Que parvalhão...</div><div align="justify">-Ouve Eduardo. EU iria saber. EU! E não conseguiria viver com isso... além disso a tipa tem um filho pequeno. Achas mesmo que ela quer só dar umas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_31">quequas</span> com um gajo qualquer no trabalho? És parvo. Ainda por cima uma gaja que trabalha comigo. É demasiado complicado.</div><div align="justify">-Tu é que és complicado. Isso são tudo desculpas que arranjas agora, depois de teres desperdiçado a oportunidade... ainda me custa a acreditar.</div><div align="justify">- Pede mas é um café...</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-6168257009835327642010-01-23T23:17:00.003+00:002010-01-24T12:17:29.954+00:00<div align="justify">Preparava-se para se deitar quando o Nokia berrou o sinal de SMS recebido.</div><div align="justify">"nao vais acreditar. acabo de dar a queca da minha vida. amanha falamos" </div><div align="justify">Sorriu. O Eduardo tinha a sensibilidade de um cepo mas era o seu melhor amigo!</div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-19371972186143735022010-01-21T19:52:00.008+00:002010-01-22T23:29:40.660+00:00<div align="justify">-Sabes? Sonhei contigo!</div><br /><div align="justify">Ela atirou-lhe aquela informação de uma forma descarada, com um riso <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">escarninho</span> na face sabendo que ele iria roer-se de curiosidade durante o tempo que estivessem sem se encontrar. Afinal, aqueles horários <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">rotativos</span> do <em><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">call</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">center</span></em> tornavam os seus encontros <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">imprevisíveis</span>. Ele sorriu subtilmente. Há meses que andavam naquele jogo do gato e do rato, numa espécie de <em><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">flirt</span> </em>não declaradamente assumido mas implícito. Aquela mulher, não sendo uma "bomba", não sendo uma mulher <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">estonteantemente</span> bonita, despertava nele um sentimento difícil de definir. Uma espécie de vazio na barriga que se transformava depois num arrepio quente que se alastrava um pouco mais para baixo. Ele não conseguia identificar claramente, nem sequer definir o que nela havia que o afectava assim. Mas ela cuidava-se. As unhas de gel impecavelmente tratadas, com cores e motivos diferentes todas as semanas arrepiavam-no! Embora as achasse sempre compridas demais, não conseguia deixar de imaginar aquelas unhas a cravarem-se impiedosamente nas suas costas. Andava sempre de salto alto o que lhe dava uma elegância que os seu metro e sessenta de altura não deixava adivinhar e andava sempre perfumada. Não de uma forma ostensiva, daquelas que <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_7">empestam</span> a sala mas de uma maneira mais subtil. Ele detectava sempre que ela mudava de cheiro e desejava morder a curva do pescoço dela. Avidamente. </div><br /><div align="justify">-Cabra. </div><br /><div align="justify">Pensou enquanto a mirava a afastar-se, o andar elegante, o discreto ondular das ancas.</div><br /><div align="justify">-Engordaste um bocadinho mas continuas com um rabo delicioso...</div><br /><div align="justify">Este pensamento envolveu-lhe a mente enquanto sentia o arrepio quente a percorrer o caminho descendente para terminar bem na ponta do seu pénis. Ele, o pénis, parecia ganhar vida própria quando a via e a cheirava. Ele, o pénis queria prová-la. Abanou a cabeça freneticamente para afastar as imagens <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">luxuriosas</span> que lhe passavam diante dos olhos e voltou para a sua função de coordenador da sala. </div><div align="justify">Aquilo que um dia começara como uma conversa brejeira com troca de frases de sentido dúbio mas implícito logo <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_9">evoluíra</span> para algo mais pessoal. Ele arriscava perguntas cada vez mais pessoais e ela respondia-lhe com insinuações. Ela convidava-o para um café mas sempre apenas a dois. Trocavam olhares e sorrisos provocantes enquanto sorviam os seus cafés quentes. Ele começou a agarrar-lhe primeiro no braço enquanto caminhavam pelos corredores vazios e sombrios do prédio, nas noites de plantão, e logo depois um braço sobre os ombros e, por fim, as suas mãos na cintura dela, a sua pélvis no rabo dela. Ela sorria <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">maliciosamente</span> e <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_11">inclinava</span> a cabeça para o seu ombro, o cheiro dela a invadir as narinas dele, o arrepio da barriga para o sexo dele que inchava e crescia e pulsava de desejo. Ele estava preenchido pelo desejo de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">foder</span> aquela mulher. Ela sabia e perpetuava o jogo. Nenhum avançava. Nenhum arriscava.</div><div align="justify">Numa dessas noites mortas de plantão nocturno ele encaminhou-a para uma sala escura, para tomarem o seu habitual café. Nenhuma luz havia a não ser a ténue luz dos candeeiros da rua que entrava timidamente pelas janelas.</div><div align="justify"></div><div align="justify">-Hoje sinto-me tão cansada. E temos ainda tanta noite pela frente. Dói-me o pescoço de estar sentada naquela porcaria de cadeiras que temos para trabalhar...</div><div align="justify"></div><div align="justify">Ele percebeu o convite e ofereceu-se para uma massagem. Ela levantou-se e rodou para se sentar com o peito apoiado no apoio de costas da cadeira. Encostou a sua cadeira à dele, alçou uma perna e sentou-se. Ele observou aquele movimento propositado e exagerado quando o rabo dela passou a centímetros do seu nariz. Estavam agora sentados, ele de frente de pernas abertas, ela de costas para ele, bem encaixada nele, inclinada sobre a cadeira. A sua blusa curta levantara e os seus <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">jeans</span> de cintura descaída baixaram revelando o fio dental que ela trazia nessa noite. Ele começou a massagem pelo pescoço, sem uma palavra. Depois desceu, sempre massajando por cima da blusa. Depois o pescoço outra vez e, ousadia, os ombros e os braços. Desceu e enfiou as mãos por baixo da blusa. Perdeu-se com o toque na pele dela e ficou cheio de tesão. Incomodava-o o seu pénis duro preso nas calças mas não havia nada para controlar isso. Subiu e voltou aos ombros. Ela arqueou as costas e pressionou a braguilha dele com as suas nádegas. Ele desapertou-lhe o soutien e continuou a massagem. Sentia as margens das mamas dela e imaginava os seus mamilos duros. Inspirou fundo, apertou-lhe o soutien, largou-lhe as costas e levantou-se. Sorriu-lhe. Ela devolveu-lhe um olhar confuso e desapontado. </div><div align="justify">Chegou a casa na madrugada, despiu-se e enfiou-se debaixo do chuveiro quente. As delicadas costas dela não lhe saiam do pensamento, o toque da sua pele, aquele apetitoso rabo encaixado na sua erecção, no seu desejo. Estava de novo duro, forte e pronto. <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_14">Masturbou</span>-se enquanto <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_15">sussurrava</span> o nome dela. Sandra. </div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-18742667142248491352010-01-21T18:30:00.002+00:002010-01-21T18:36:33.884+00:00Ponto de Situação.<div align="justify">Ora bem. O blog não está morto. Está em coma induzido. Com uma das autoras prenhe até ás orelhas e com o marido inválido e com a outra afundada numa piscina de anões (imaginem uma piscina de bolas mas cheiinha de anões), não me resta nenhuma alternativa a não ser reanimar o nosso blog enfermo sozinho! É por ser enfermeiro.</div><div align="justify">Portanto: a saga da Aldeia de S. Vicente da Lua encontra-se em suspenso por greve dos argumentistas. Se os americanos tiveram nós também queremos. Encaramos a coisa como uma espécie de "season one" que terminou em suspenso. Só para aguçar a curiosidade dos nossos (cinco) leitores. Agora vou eu escrever uma historieta sozinho só para me armar ao pingarelho. </div><div align="justify">Prometo muito delírio esquizofrénico, prometo não seguir nenhuma narrativa minimamente coerente. Não prometo é que seja algo de jeito. </div><div align="justify">Posto isto, vou começar a escrever.</div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-53589928057119620452009-12-31T14:25:00.001+00:002009-12-31T14:26:58.475+00:00Resolução para 2010.Acabar a saga "O Inverno e a Aldeia" e se possível escrever aí mais uma historieta. Ou duas, vá...Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-89463591130412067302009-12-22T16:39:00.003+00:002009-12-22T16:43:20.565+00:00Queridos AmigosQueridos amigos, colegas de escrita e eu própria<br />O que é que se passa connosco?<br />Possuídos pelo espírito que tomou conta de S.Vicente da Lua, ou simplesmente cansados e engolidos pela rotina que nos arranca a inspiração?<br />Aguardo melhores dias para todos.<br />A vossa estimada, maravilhosa, sensual e carismática<br />Anacê<br />Cascais, 22 de Dezembro do ano de 2009Ana C.http://www.blogger.com/profile/05357427699826525462noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-63249150347021759252009-12-08T09:56:00.003+00:002009-12-08T09:57:56.610+00:00O Inverno e a Aldeia 26- A esta hora Sr. Prior?<br />Os olhos de Joana brilhavam de surpresa.<br />- Como me disseste que os ruídos chegavam ao anoitecer decidi vir, para que não os escutasses sozinha. Juntos vamos perceber o que se passa realmente, que ruídos são esses à beira da tua casa.<br />Joana não sabia se havia de rir, ou chorar de agradecimento. O Prior levou a mão ao bolso, acariciando a pequena adaga que trouxera da capela que abraçava o rosário meio escondido nessa parte da batina.<br />- Tem sido tão bom para mim…<br />- Porque é que não desligas as lamparinas? Quem quer que venha não tem que nos ver aqui dentro a espreitar a janela.<br />- Claro, claro. Eu nunca espreitei, pois morro de medo de ver alguma coisa que não quero. No fundo, no fundo, por pura falta de coragem.<br />As palmas das mãos de Alberto estavam húmidas de pânico. Sabia que aquelas alucinações eram a prova viva que Joana estava possessa, que residia nela o mal de todo S. Vicente da Lua. Ele sabia-o bem dentro de si, mas por outro lado quando a via assim, desprovida de chagas, de rubores, de malícia, sentia que estava perante a mulher mais pura da aldeia. Pureza de alma. Enquanto a via desligar as lamparinas com uma fé cega no seu conselho desejava estar errado, desejava ouvir realmente as cantilenas que ela dizia escutar. Rezou com fervor para que começassem os gritos no escuro, as velas acesas lá fora, pois assim não teria que usar aquela adaga que lhe ardia como fogo entre os dedos.<br />Ao longe, abrigado do frio por uma grossa samarra de lã grossa, Júlio olhou mais uma vez a casa onde o esperava o filho e tremeu quando viu a fraca luz que a iluminava apagar-se, deixando tudo em seu redor envolto na mais completa bruma. Estugou o passo da burra e sentiu que a sua própria vida dependeria da velocidade a que conseguisse alcançar a aldeia.Ana C.http://www.blogger.com/profile/05357427699826525462noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-53790454476608581382009-12-07T20:33:00.002+00:002009-12-07T21:09:37.222+00:00O Inverno e a Aldeia.<div align="justify"><em>Ao meu amado filho, ainda por nascer.</em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em>Meu filho, após uma longa e solitária viagem de três dias, a pé por entre os montes e as matas que os habitam, eis que me encontro na serra sobranceira a S. Vicente. Quero genuinamente sentir-me feliz, alegre e revigorado pela visão da minha terra, da nossa terra, aquela onde conheci a tua mãe e onde foste concebido mas não sinto nada. Nada. Será talvez porque, na verdade, não vejo o casario? Todas as casas, desde as mais próximas aos campos até às ladeiras à Igreja estão perdidas no meio do nevoeiro cerrado. Só se vê a torre da Igreja, como se o Senhor estivesse a assistir, impávido e sereno, ao que acontece dentro do negrume. Será possível que Deus nos tenha abandonado?</em></div><div align="justify"><em>Nem sei porquê esta interrogação que me invade. Mas sinto-me vazio, frio, gelado por dentro. O meu coração, que me encheu de força para encontrar o meu filho, está agora parado. Que coisa é esta que me invade? Onde foi a alegria que trouxe até aqui? E porque não sou capaz de entrar na minha terra, no pedaço de mundo que viu nascer? O silêncio está por todo o lado. Não se ouve nada. Nem pessoas, nem os cães, nem os mugidos das vacas e os seus badalos, nem o sino da Igreja, nem as crianças a correr pelo empedrado das ruas, nem os pássaros a piar ao final da tarde. Mas o que mais me impressiona é esta indiferença ao facto de estar a pouca distância de ti, meu filho. A minha mente é constantemente invadida por imagens de dor e sofrimento. Não que tu estejas a sofrer mas que... sejas tu o causador do desespero. Vejo imagens de um homem, adulto, que ri enquanto bate e humilha outros homens e mulheres. Ele ri e eu oiço o seu riso, o seu gargalhar ecoa na minha cabeça e eu sei, eu sei que esse homem é o meu filho. Esse homem serás tu. </em></div><div align="justify"><em>Mas que pai serei eu, que homem cria o seu filho para que ele se torne no canalha que me invade a mente? Onde se esconderão os meus erros? Falho na minha missão de pai mesmo antes do teu nascimento, meu filho. Perdoa-me, se puderes. E este maldito vento que se faz sentir no monte onde me encontro. Maldito que vem das partes do nevoeiro e parece trazer as preces da gente da terra, as mesmas preces que se ouvem nos funerais, lentas, murmuradas que parecem empurrar o morto para além dos sete palmos da cova que lhe talharam. Sempre me arrepiou esse lamurio das carpideiras que fazem da dor dos outros o seu entretém nas noites passadas sentadas nos frios bancos de pedra da casa mortuária da Igreja, enquanto ensaiam choros fingidos e gritos de dor. Cada uma na sua vez, encadeadas como num coro. São esses os sons que trás o vento, meu filho. E, como sempre, a minha pele arrepia-se de angústia. </em></div><div align="justify"><em>A noite cai. É hora de me preparar para a caminhada que me levará a sentir-te na barriga da tua mãe. E é curioso que seja a noite a trazer-me uma alegria. Vejo ao longe uma luz, no meio do nevoeiro! Uma luz que parece ténue mas que deve ser forte, para conseguir trespassar o espectro negro que rodeia a aldeia. Uma luz que ondula, como as árvores ao vento, como se estivesse a assinalar onde tu estás, meu filho. Conheço bem a aldeia, e ali, de onde a luz parece chamar-me é a casa da tua mãe, Joana. Bem perto fica a torre da Igreja, solene, alta, distante. Dela só me chega angústia.</em></div><div align="justify"><em>Se eu perecer, rogo a quem encontrar a minha velha carcaça que entregue esta carta ao meu filho, o filho de Júlio e Joana de S. Vicente da Lua.</em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify">Este episódio é dedicado à Nuvem. Pela sua incansável fidelidade, obrigado!</div><div align="justify">(Já podes ir falar com o Pai Natal!)</div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-29611053385488487372009-11-25T17:21:00.002+00:002009-11-25T17:49:25.423+00:00O Inverno e a Aldeia.<div align="justify"><em>Pai nosso que estáis nos Céus.</em></div><div align="justify"><em>A força da fé no Senhor me dê forças para as provações que terei ainda de passar mas feliz daquele que sofre por Deus, como ele por nós sofreu o martírio da crucificação. Porque hoje estive no covil do mal. As mãos doem e tremem ao escrever estas letras, como se tivessem sido queimadas pelo fogo do próprio Inferno. Enquanto rezava as orações de mãos dadas com aquela mulher, as mãos ardiam num fogo invisível. Ela não tem a marca do mal nas mãos, confirmei, antes a maldade está dentro dela. Vive dentro dela, alimenta-se dela e através dela se espalha aos corações das minhas ovelhas. </em></div><div align="justify"><em>Confesso, meu Deus, que rezava para que me désseis força para suportar a dor daquele fogo que me atravessava através das minhas já frágeis mãos. Rezava por mim e não para combater aquele terrível mal. Sucumbi perante a violência daquela força. As vozes das almas condenadas flagelaram a minha mente, como sempre o fazem quando abandono a Igreja. Malditos sejam os inimigos do senhor. Este mal que nos ataca é enorme. Invadiu já a Casa do Senhor mas o covil fica naquela casa. A puta do Diabo chorou lágrimas de dissimulação mas eu bem vi o seu olhar vazio, as sombras a olharem-me por trás dos olhos dela. As suas mãos eram frias, como as de um falecido após a noite de velório em cima da pedra mortuária. Frias mas ao mesmo tempo queimavam como um ferro em brasa. São estas as contradições e a perfídia de Lúcifer.</em></div><div align="justify"><em>O povo apercebe-se já do mal que emana daquela casa. Fazem-se vigílias e procissões em redor dela. Os cânticos dos vossos servos entoam agora pela noite. A luz da casa apaga-se mas, sem luz lá dentro, os homens quebram na sua determinação. Dizem que ela silva, como uma serpente, que leva a noite, que se apagam as estrelas, que sentem um frio no peito como se o coração tivesse parado, que se sentem vazios por dentro e temem. Temem mais ao Diabo que a Deus. </em></div><div align="justify"><em>Mas a raíz de todo o Mal está dentro dela. Enquanto fervorosamente rezava por mim, pela minha salvação, consegui ouvir a sua voz dentro de mim. "Temes-me já e ainda nem nasci. Mas nada temas, serás o meu escravo assim que eu nascer. Verás todo o teu rebanho a perecer perante a minha força e, mesmo assim, servir-me-ás!". Estas palavras ressoavam por todos os meus ossos, toda a minha carne, corpo de Deus. E o riso, o riso que gela e nos rouba a vontade, a força nas pernas e oprime o peito. Não estava preparado Senhor para tamanha força. Hoje mesmo apertarei ainda mais o silício que trago na perna para que sangre o Sangue Divino através do qual purificarei as almas mais preversas! </em></div><div align="justify"><em>Aquela criança é Lúcifer. O mal personificado puro e frágil. Tem de morrer! Pelo meu punho, pelo punho de Deus! Deus Pai Todo-Poderoso que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.</em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify">(Diário do Vigário, 22 de Novembro de 1951)</div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3509186912164061939.post-19835623039014217302009-11-24T16:52:00.004+00:002009-11-24T17:25:46.306+00:00O Inverno e a Aldeia.<div align="center">Hospital <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">Psiquiátrico</span> de São João de Deus</div><div align="center">Serviço de Internamento de Doentes Agudos</div><div align="center"> </div><div align="center"> </div><div align="center">Diário Clínico</div><div align="center"> </div><div align="justify">10/12/1952: O doente apresenta-se sem alterações do seu estado. Mantém-se em mutismo, não colabora nos cuidados. É extremamente agressivo e violento para com os <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">profissionais</span> de saúde que considera como inimigos. Verbaliza apenas quando "ataca" o pessoal. Passo a citar:</div><div align="justify">"<em>Cambada de filhos da <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">puta</span> nojentos haveis de morrer nos fogos dos infernos de onde <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-corrected">saíram</span>"</em></div><div align="justify"><em>"Nunca me vergarão, <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">cabrões</span>"</em></div><div align="justify"><em>"Matem-me de uma vez seus filhos de uma cabra <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">sarnenta</span>"</em></div><div align="justify">A um dos enfermeiros arrancou uma orelha com uma dentada. Mantém-se contido no leito com correias de couro no tórax e membros inferiores e ainda com o colete de forças vestido.</div><div align="justify">Foi aplicado o protocolo <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-corrected">terapêutico</span> de <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">electrochoques</span> diários, sem resultados visíveis. No final de cada sessão o doente apresenta-se prostrado, sonolento e aparentemente calmo. Neste curto período de tempo verbaliza repetidamente a seguinte frase: "<em>Hei-de regressar para te salvar."</em>. Não foi possível estabelecer o significado dessas palavras. Contudo o doente regressa aos seus delírios e <span id="SPELLING_ERROR_8" class="blsp-spelling-error">confabulações</span> logo que retoma a plena consciência. Não há registo de qualquer outro <span id="SPELLING_ERROR_9" class="blsp-spelling-error">esquizofrénico</span> que seja tão refractário ao tratamento. O doente parece adaptar-se a cada tratamento, a ponto de, actualmente não parecer sofrer qualquer tipo de desconforto com as descargas eléctricas cada vez mais potentes. Chega a parecer <span id="SPELLING_ERROR_10" class="blsp-spelling-error">sobrenatural</span>.</div><div align="justify">A ferida no <span id="SPELLING_ERROR_11" class="blsp-spelling-error">deltóide</span> mantém-se por cicatrizar. Após uma semana a receber injecções de penicilina (2.400.000 unidades), a ferida mantém sinais <span id="SPELLING_ERROR_12" class="blsp-spelling-error">inflamatórios</span> exuberantes com expulsão de <span id="SPELLING_ERROR_13" class="blsp-spelling-corrected">pus</span>. Aparentemente sem dor, o paciente parece estar infectado com qualquer tipo de bactéria resistente à <span id="SPELLING_ERROR_14" class="blsp-spelling-corrected">penicilina</span>, o que será caso único na literatura médica conhecida. Mantém-se tratamento. O doente apresenta agora traumatismos múltiplos no corpo. Na sessão de tratamento de ontem, o doente conseguiu libertar-se do colete de contenção e tentou uma fuga, atirando-se pela janela da sala de tratamentos. Foi perseguido e apanhado já fora dos muros do hospital pelos enfermeiros que assistiram à tentativa de fuga. Na ânsia de escapar, correu de encontro ao portão e embateu com a cabeça no mesmo. Perdeu a consciência por traumatismo <span id="SPELLING_ERROR_15" class="blsp-spelling-error">craneo</span>-encefálico que aguarda evolução. Mantém as correias de imobilização no leito. Mantém esquema de <span id="SPELLING_ERROR_16" class="blsp-spelling-error">electrochoques</span>. O doente é considerado perigoso para a sociedade e se este esquema de tratamento não for bem sucedido pondera-se a sua <span id="SPELLING_ERROR_17" class="blsp-spelling-error">institucionalização</span> em hospício com medidas de contenção permanentes.</div><div align="justify">O médico psiquiatra,</div><div align="justify"> </div><div align="justify">(assinatura ilegível)</div><div align="justify"> </div>Miguelhttp://www.blogger.com/profile/08935346537938706238noreply@blogger.com4